Nesta segunda incursão na
filmografia desse importante cineasta, comprovei que experimentar
um Howard Hawks em principio de carreira, se afirmando para o cinema
falado, é constatar a construção de certos nuances ou mesmo clichês para alguns
gêneros. O Caminho para Glória esta ambientado na primeira guerra mundial,
mas não é necessariamente um filme de guerra, digamos que é um filme sobre
histórias da guerra.
Logo percebemos essa escolha (não
sei se intencional ou para diminuir orçamento), onde com dois focos narrativos
principais, Hawks explicita o enfoque passional que pretende trazer a
obra. Fazendo assim um filme menor que flerta bastante com o sentimental,
trazendo a tona, em vários momentos, a emoção dos personagens. Ainda em um tom
deveras teatral, é verdade, mas não tinha como ser diferente, até porque boa
parte dos atores que faziam cinema naquela época era egressa do teatro.
Uma das narrativas do filme
acompanha o envolvimento romântico de Monique LaCoste (a bela June Lang),
enfermeira voluntária, com dois oficiais franceses (Fredric
March e Warner Baxter), o que não tarda a criar um triangulo amoroso.
A outra vertente faz uma digressão sobre o relacionamento de um desses oficiais
com seu pai (Lionel Barrymore sensacional), que vem a ser um velho e
teimoso soldado. Um senhor decidido a qualquer custo de participar da guerra
nos campos de batalha, mesmo que para isso tenha que enganar o filho
comandante.
Nota-se em O Caminho para a Glória
que o aclamado talento para narrativa de Hawks é cativante e envolvente. Assim
como no seminal Scarface – A Vergonha de uma Nação, o diretor deixa o
espectador intimo dos protagonistas, apegados aos seus dramas. Os diálogos
mordazes são eficientes, estruturando e pontuando o contexto com muita
qualidade. Com sua trama entrecortada, congruindo em um climático epílogo,
pode-se ainda dizer que é um tanto modernosa. Digo isso, porque é nítido, que
mesmo décadas depois, o cinema continua sendo feito da mesma maneira e
apostando em características semelhantes.
Apreciando O Caminho para a
Glória, notamos sem esforço que estamos diante de uma construção
cinematográfica de um realizador talentoso. Mesmo que ainda em vias de ser
reconhecido. Em seus competentes cenários, Hawks poderia ocupar boa
parte do filme, mas de forma ousada, o diretor não o faz, deixando apenas para
o epílogo as seqüências de ação nos campos de batalha. Mais interessante que
mesmo nessa parte final, existe uma preocupação em inserir dramaticidade, não
fazendo apenas um desfile dos bons efeitos visuais.
O Caminho para a Glória não
é aquela obra-prima do cinema clássico americano, mas ainda assim é um filme
extremamente empolgante de Howard Hawks. Tem suas cenas marcantes e bons
momentos, assim como também tem pequenos problemas. Porém, definitivamente ganha
o espectador com seus 20 minutos finais, que além de tensos, são emocionantes.
Um filme que pode ser visto como um bom aperitivo para os seus trabalhos
principais.
2 Comente Aqui! :
Bom Dia Ricardo,
Vim agradecê-lo pela visita e contribuição ao 'O Teatro Da Vida'.
Volte sempre!
Abraços,
Jonathan Pereira
Parabéns pelo blog! O colocamos em nosso blog roll! Abraços!
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