Crítica do Filme: Evil (Participação Especial)

7 de julho de 2012 0 Comente Aqui!

Participação especial do meu colega Iuri Lantyer!

Buscando novas temáticas e produções diversificadas no ramo cinematográfico, assinalo e indico o premiado, pertubador e intrigante “Evil – Raízes do Mal”, co-produção sueca/dinarmaquesa dirigida por Mikael Håfström (mesmo diretor do filme “Fora de rumo” protagonizado por Clive Owen e Jennifer Anniston) inspirada em um romance sueco do autor e jornalista Jan Guillou com título original “Ondskan”, que chegou ao Brasil como “Evil – Raízes do mal”, vencedor de diversos prêmios pelas academias européias e indicado ao Oscar em 2004 por melhor filme estrangeiro.

O filme retrata a vida de um garoto problemático, Erik (Andreas Wilson), fruto de uma má estrutura familiar, que vive se envolvendo em brigas e sendo expulso das mais diversas instituições de ensino chegando a ser proibido de freqüentar escolas públicas pela quantidade de más condutas praticadas. Diante dessa situação, sua mãe resolve vender parte dos bens para matriculá-lo em uma escola de ensino tradicional, Stjärnberg, onde apenas frequentam pessoas da alta classe. Sabendo que esta seria sua última oportunidade para terminar seus estudos Erik decide mudar o seu comportamento e terminar seus estudos, no entanto, por trás do prestígio da instituição, tem-se um regime taxado como rígido, mas que, na verdade, é injusto e humilhante. Erik terá que combater esse regime, evitar uma possível expulsão, passar por diversas provações e derrubar inúmeros preconceitos.

A obra não é “mais uma” produção que vem com o velho clichê de dar determinada lição de moral. A trama é madura e atrativa sendo retratada na Europa durante a década de 50, época esta dominada por ideologias nazistas.

Tecnicamente o filme é muito bom. O elenco, apesar de ser aparentemente modesto, pela pouca idade da maioria dos atores, surpreende, não chegando a ter atuações geniais como a de, por exemplo, uma Dakota Fenning, tida por mim como um dos maiores talentos no viés cinematográfico nos últimos anos, mas todos mantêm nível razoável e bem prudente de interpretação que afasta qualquer comprometimento no roteiro. Os cenários e figurinos são bem fiéis ao momento histórico assim como a soundtrack que faz com que realmente você veja, de alguma maneira, um verídico retrato da época.



O que impressiona no filme é o nexo causal que existe entre o romance propriamente dito e as problemáticas da época e, também, a capacidade de síntese do roteiro da obra que abrange diversas situações, mas que ao mesmo tempo são muito bem representadas. Durante todo o filme você vai se deparar com a problemática familiar, a representação de um metaforismo hitlerista intrínseco nos professores e alunos veteranos da escola, o machismo, a questão do poder hierárquico hiperbólico, da impunidade dos ricos dentro do regime da instituição, enfim, são vários temas muito bem sinalizados em apenas 109 minutos e muitos deles com íntima relação com a atualidade tornando o filme ainda mais interessante e reflexivo.

Em suma, é uma daquelas obras perturbadoras que fazem com que os que assistam se sintam extremamente incomodados e sensibilizados com o que é retratado. Mikael Håfström fez uma excelente adaptação do romance de Jan Guillou expondo, de maneira sábia, boas imagens da Europa recém-saída da 2ª Guerra Mundial.

Ao fim do filme vocês vão ver que de “Evil” o filme não tem nada! Na verdade, o “mal” a que a obra faz alusão é exatamente uma mescla de impunidade, autoritarismo e absurdas legitimações que tem raízes muito antigas (e que provavelmente tenha sido um dos marcos da naturalização da violência) e que são bastante solidificadas à época dos ideais nazistas e fascistas nos levando a conceber em até que ponto o ser humano é “mau” e quão iminente é a necessidade de expandir o juízo de ponderação e conscientização na sociedade.

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