Diferente dos americanos, os britânicos
não costumam avisar anteriormente se suas produções televisivas serão renovadas
para outra temporada. Então, Hit & Miss, do canal Sky Atlantic, pode ser vista como uma
série ou uma mini-série, somente o tempo dirá. Se optarem pela segunda opção,
de deixar como um material fechado, provavelmente, essa escolha se deverá a uma
baixa popularidade entre o público inglês. Digo isso, porque vejo Hit & Miss com assunto farto para
render, pelo menos, mais uma season.
Talvez esse excesso de possíveis sub-tramas é o que faça passar a sensação, ao
final do seu sexto e derradeiro episódio, de que ficou faltando alguma coisa.
Em um primeiro momento, a história é viciante, em uma curva ascendente de
expectativas, mas que culminando em um clímax enérgico ainda em sua metade, faz
o seu desfecho (não a temporada) ser bem perto de decepcionante.
O mote principal de Hit
& Miss acompanha Mia (a talentosa Chlöe Sevigny), uma assassina de aluguel habilidosa, mas com um
detalhe bem particular e enfático. Apesar de toda uma sensualidade feminina,
até porque Mia se vê aprisionada a um corpo que não lhe pertence, ela nasceu
com o sexo masculino. Sim, a personagem principal é uma transexual e, diga-se
de passagem, interpretada de maneira crível pela atriz. Mesmo em uma trama com
aspectos frouxos, Sevigny imbui sua
caracterização de diversas nuances, chegando mesmo a desaparecer dentro de Mia.
Talvez por si só, a série não se sustentasse e torna-se claro que o peso (ou
prazer?) de carregá-la, de maneira convincente, é depositado nas costas da
atriz. A trama, apesar de empolgante, aonde não faltam plot points repletos de tensão e também de um apreço por uma
elaborada estética visual nas cenas mais violentas, quando avaliada com um
pouco mais de atenção e distanciamento, se mostra frágil e reafirmo a dúvida
sobre se sustentar independentemente com uma atriz diferente ou menos conhecida.
Enfim, é importante deixar claro
que apesar de Hit & Miss ter alguns problemas que podem incomodar, não
chega nem perto de ser definitivamente ruim, na verdade, ainda assim é muito
boa. A sua produção é feita com cuidado e esmero evidente, usando de uma
fotografia deslumbrante, com enquadramentos vistosos e uma trilha sonora de
muito bom gosto. Aspectos técnicos louváveis, que aliados a um marcante ritmo
de thriller de suspense, implicam em
uma narrativa que alterna entre momentos de ação, mostrando os assassinatos
cometidos por Mia, e momentos de drama familiar, até porque a moça acaba
“herdando” os filhos de uma antiga namorada. A nova família de Mia inclui
algumas surpresas que impulsionam a história e cativa o espectador pela falta
de proteção. A assassina entra nessa como uma nem tão bem-vinda protetora. Dentro
desses seis episódios fica até difícil de desenvolver os integrantes da família
de maneira mais profunda, mas ainda assim, eles não deixam de protagonizar
algumas cenas emocionantes. Como disse no inicio, me agradaria uma nova
temporada, mas não aposto todas as minhas fichas nisso.
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Fiquei instigado.. e olha que sou grande fã de séries de Tv.
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