Crítica de Filme: Sequestro no Espaço (The Lockout)

24 de julho de 2012 2 Comente Aqui!

Em 1988, o longa-metragem de ação, Duro de Matar, encabeçado ainda por um inspirado Bruce Willis, remodelou as produções do tipo. O personagem principal, John McClane, era um policial bonachão, que se vê preso em um arranha-céu com um time de criminosos da pesada. Entre uma pegada de suspense e ação, se escondendo em lugares inusitados, McClane divertia a audiência com tiradas que até hoje são icônicas. O seu: “Yippee-ki-yay, motherfucker!” marcou uma geração. Então, não tardaram a aparecer diversas produções genéricas que copiavam o mote principal de Die Hard. Replicaram a temática de Duro de Matar em um navio, no avião, na selva e em outras diversas situações peculiares, mas não lembro de alguma investida cinematográfica ambientada no espaço sideral. Pronto, agora não falta mais, porque eis que em 2012 (nunca é tarde) surge o já famigerado Sequestro no Espaço, produzido por Luc Besson e dirigido por uma desconhecida e novata dupla: James Mather e Stephen St. Leger

Com uma abertura decepcionante em seu primeiro final de semana nas bilheterias americanas (não pagando seus 20 milhões de orçamento), o fracasso evidente de Sequestro no Espaço em solo ianque deve ter influenciado o seu não lançamento em circuito comercial nacional. Afinal, um thriller de ficção, com atores relativamente conhecidos, em outros tempos, teria seu lugar certo em algumas salas exibidoras. Hoje em dia, os executivos que cuidam dos lançamentos em solo nacional preferem apostar em retorno certo, não há espaço para o duvidoso, principalmente quando a dúvida teve uma recepção ridícula em outros mercados. Não que o filme aqui em questão merecesse tanto assim de uma chance, afinal, não passa de um pastiche descarado, previsível e caricato. Porém, dentro desse expediente de escolhas por retorno financeiro, fica evidente que muita coisa boa é e será relegada, não chegando ao público ávido por bons e diferenciados lançamentos, que fujam do esquema de “filmes de super-heróis”, comédias desmioladas e adaptações pops literárias.

Na trama passada no ano de 2079, Snow (Guy Pearce) é um ex-agente acusado de conspiração contra os EUA e de ter assassinado um outro agente. Crimes que Snow diz não ter cometido. Condenado, seu destino é a MS One, uma prisão espacial de segurança máxima que órbita a Terra. O presídio mantém os internos em animação suspensa, extremamente dopados e o procedimento vem sendo acusado de causar demência nos mesmos. Enquanto acompanhamos os preparativos para enviar Snow para a citada prisão, ao mesmo tempo, um grupo de ativistas faz uma visita a MS One, com a intenção de investigar essas denúncias sobre os procedimentos aplicados. Entre o grupo, temos uma moça bem especial, Emilie Warnock (a bela Maggie Grace). E quem essa moça é? Nada mais, nada menos que a filha do presidente dos EUA! Sinceramente, é preciso de muita boa vontade para acreditar que a ilustríssima filha do presidente se despencaria para uma instituição lotada de maníacos do pior tipo, ainda a fim de defender os direitos dos mesmos.

Enfim, logo os presos arrumam um jeito de criar uma rebelião e não tardam a descobrir a verdadeira identidade de Emilie. Snow surge como a única solução de trazer a mocinha sã e salva de volta aos braços do papai e é escalado para a missão suicida de salva-la, em troca do indulto presidencial (claro). O ator Guy Pearce parece até se divertir com o seu personagem fanfarrão, mas ainda assim não consegue cativar o público como deveria. Falta carisma cômico ao ator, que tem o perfil para personagens mais sombrios. Na verdade, o anti-herói construído por Pearce (assim como parte da história) mescla nuances de McClane com o Snake Plisken de Kurt Russel, do clássico Fuga de Nova York do cultuado diretor John Carpenter. Sequestro no Espaço se assemelha mais com Duro de Matar quando a ação se fixa dentro da MS One. Primeiramente, vemos Snow armar das deles para cima dos rebelados presidiários e depois, em rota de fuga com a mocinha, esgueirando-se por lugares apertados e sofrendo “o pão que o diabo amassou”. O sujeito até mantém um contato de áudio, cheio de gracinhas, com um agente que está fora da prisão, mas que acredita no seu potencial. No fim, existem algumas reviravoltas pífias, mas nada que salve o filme da completa inocuidade. 





2 Comente Aqui! :

  • Victor Ramos (Jerome) disse...

    Interessante o seu texto. Mas acho que esse filme tem mais relação com o clássico Fuga de Nova York (um filme de ação, ficção científica e futurístico), que veio muito antes de Duro de Matar e apresenta um anti-herói cheio de humor negro e um código de honra que apenas respeita o seu ego, que com o próprio Duro de Matar. Inclusive, o protagonista de Fuga de Nova York chama-se Snake Plissken - dá para notar de onde veio o nome do protagonista desse Sequestro no Espaço.

    Abração!!

 
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