Crítica: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman: The Dark Knight Rises)

28 de julho de 2012 6 Comente Aqui!

Como muitos, esperava ansiosamente para que chegasse o dia 27 de julho deste ano. O terceiro filme da trilogia do homem morcego, comandado pelo aclamado diretor Christopher Nolan, era uma das produções mais aguardadas por todos os fãs do personagem e não me excluo dessa lista. Em Batman Begins o diretor iniciou uma nova era ao entregar ao universo de Gothan City um tom mais sombrio e realista. As abordagens atingiram um nível mais complexo para o trabalho de formação do personagem, que três anos depois foi duramente testado em O Cavaleiro das Trevas, quando um nível de excelência foi atingido para o que considero até hoje o melhor filme do gênero de heróis. 

O terceiro filme nos apresenta ao vilão Bane, que também foi treinado por Ra’s Al Ghul e que segue o pensamento do mentor ao acreditar que Gotham não tem mais salvação e merece ser destruída. Ele se auto define como um mal necessário, que irá lutar para execrar a cidade de burgueses, políticos e autoridades. Seu vigor físico é impressionante e logo na primeira cena nos passa a impressão de ser uma máquina de guerra indestrutível. Sua força e invulnerabilidade é tanta, que cheguei a ter pena do Batman no momento de enfrentá-lo. Seu personagem misterioso vai sendo revelado ao longo da película e suas motivações vão sendo apresentadas quando ele julga ser o momento exato de abordá-las. Apesar de toda força ele se mostra inteligente e capaz de arquitetar planos capazes de lhe colocar a frente de qualquer oponente. Tom Hardy entrega um grande trabalho e apresenta o vigor necessário e um olhar furioso que seu personagem lhe exige. O ator já tinha apresentado algo semelhante em seu longa Guerreiro e mostra ser sim uma das grandes descobertas dos últimos anos. Um belo oponente para um desfecho épico, que coloca o Batman diante da adversidade da dor. 

Outro personagem interessante que surge no longa é o de Seline Kyle, que faz o papel, de certa forma, de uma interesse romântico do Cavaleiro das Trevas. Há alguns comentários de que A Mulher Gato merecia um filme solo e não duvido que isso aconteça, principalmente pelo tratamento que deram a ela de não se preocupar em apresentar o seu passado e focar basicamente no seu presente. Sabemos que ela é uma ladra, que busca uma forma de limpar seu nome e só. Anne Hathaway, que por muitas vezes teve sua escolha questionada, fornece uma bela atuação e consegue ser provocante, sexy e carismática, como seu personagem exige. Sua maquiagem está perfeita e a tonalidade do batom lhe gera um charme incrível que somada a sua fala sensual consegue nos apresentar uma mulher encantadora, por mais que não possamos confiar nela.   

Joseph Gordon-Levitt é outro que se destaca ao interpretar o personagem Blake, que é um policial que apresenta grande admiração pelo herói mascarado e que busca a todo custo ajudá-lo no combate contra Bane. Seu personagem é muito interessante e uma das melhores sacadas do longa. Marion Cotillard, por sua vez, fica como ponto negativo no âmbito das atuações, de certa pelo fato de seu personagem ser, intencionalmente, muitas vezes deixado de escanteio, mas a moça já provou em outros trabalhos que poderia ter nos agraciado com algo mais. Gary Oldman e Morgan Freeman dispensam comentários e apesar de aparecerem um pouco menos, desta vez, continuam magistrais.

Não, não acho que O Cavaleiro das Trevas Ressurge supere o seu antecessor, mas não deixo de considerar uma produção sensacional, que é um dos filmes mais empolgantes do ano. É nítido que Nolan sabia como terminaria seu trabalho desde o seu começo e é inegável a forma genial com que o desfecho interage com as obras predecessoras. Outro ponto positivo é o aprofundamento dado a Bruce Wayne, que promove muitas cenas interessantes diante do mordomo Alfred e o quanto ele pôde aprender com os erros e escolhas da vida. Essa dupla já é figurinha carimbada na trilogia, mas não posso deixar de elogiar o trabalho de ambos, principalmente o de Michael Caine, que nos promove as cenas mais emocionantes da produção. 

O filme tem uma longa duração de mais de duas horas e meia, mas uma coisa que podemos afirmar com a maior certeza é de que o tempo voa e não conseguimos sentir que estivemos tanto tempo diante de uma produção. A montagem é menos fluída que os antecessores e picota um pouco a narrativa, mas de certa forma gera uma complexidade interessante, que pode incomodar, mas não diminui a grandiosidade do contexto geral. Aliás, esta é uma das marcas do diretor que joga muitos personagens e muitas tramas e subtramas, que para alguns atrasam o foco principal e para outros enriquecem a tensão e expectativa de quem o assiste. O que é inegável é a habilidade de condução deste tipo de situação que Nolan apresenta. Todo esse trabalho somado a uma trilha impecável de Hans Zimmer nos transmite uma sensação de tirar o fôlego. 

A ação é incessante, o suspense existe e os diálogos, muitas vezes até muito explicativos, são marcantes e cheio de frases impactantes. O caos realmente está presente e poucas vezes tive a chance de ver um filme tão pessimista. Todos pensam no pior e mostram o seu pior lado e até mesmo aqueles que buscam o que é certo se fundamentam em uma grande mentira. Bane conseguiu estabelecer um caos jamais visto antes em qualquer filmes de quadrinhos ou heróis e é nessa realidade psicológica, de corrupção e baixa capacidade dos governantes, que acreditamos ser possível o que de fato estamos apreciando. Digamos que o querido diretor possa ter atingido aqui o ápice de sua maturidade. Coitado do que será responsável pelo reboot.


Trailer do Filme:


6 Comente Aqui! :

  • Unknown disse...

    Ótimo texto Tiago. Tb achei o filme muito bom, apesar de acreditar que poderia ter algumas soluções diferentes. O resultado final é bem satisfatório e Nolan consegue dimensionar o Bane, isso é louvável, porque sabemos que a profundidade do personagem nas HQs é muito pequena. Enfim, é um dos melhores filmes do ano. Abraço.

  • renatocinema disse...

    Amigo texto perfeito e visão genial: "Não, não acho que O Cavaleiro das Trevas Ressurge supere o seu antecessor, mas não deixo de considerar uma produção sensacional, "

    Disse tudo.....sem mais

    Bruce Wayne. kkk

  • Rodrigo Mendes disse...

    Gostei do texto!

    O filme é ótimo mesmo! Nolan realizou uma trilogia de super-herói amadurecida e compensadora. Elevou meu conceito do personagem. Apesar de ter um script não tão bom como o antecessor, ainda assim TDKR é espetacular.

    Abs.

 
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