Crítica: Sombras da Noite (Dark Shadows)

24 de junho de 2012 2 Comente Aqui!

Baseado em uma obscura série televisiva dos anos 60, Sombras da Noite é o mais recente trabalho do diretor americano Tim Burton (aquele que um dia fez um filme maravilhoso chamado Ed Wood). O que mais chama a atenção nessa sua recente realização é a capacidade de ser inofensiva e esquecível. Pouco assusta, pouco faz rir e pouco empolga, tornando suas quase 2 horas de projeção das mais inexpressivas. Tudo bem que o filme passa longe de ser algo terrivelmente arrastado ou chato, até pela montagem ágil, que provavelmente tem a intenção de fazer o espectador se desligar de sua trama frágil e infantiloide.

Não que eu ache que filmes infantis são necessariamente ruins, pelo contrario, o diretor japonês Hayao Miyazaki é prova viva da qualidade de obras feitas tanto para crianças quanto adultos e que apesar da prolixidade, não deixam de se reinventar. Aqui, mesmo voltado para um público infanto-juvenil (afinal a indicação é 14 anos), esse tipo de temática tem e deve ser desafiadora, porque se mal delineada, tende a se tornar enfadonha e repetitiva. Então chegamos ao X da questão, Sombras da Noite é um filme de um realizador acomodado, um tipo de acomodação que incomoda (e muito, com perdão do trocadilho). Será que um dia Tim Burton vai sair dessa sua famigerada zona de conforto e voltar a trazer filmes realmente empolgante? Pelo andar da carruagem, sei não...

Na trama, Barnabas Collins (Johnny Depp) é um aristocrata do século 18, que amaldiçoado pela bruxa Angelique (Eva Green), torna-se um vampiro. Logo a Bruxa arruma uma maneira de deixá-lo preso a um caixão. Passam-se dois séculos e estamos no flower power setentista. Durante uma escavação, alguns operários libertam o nosso vampiro, que não tarda a voltar para a mansão aonde viveu, agora habitada por familiares tão excêntricos quanto ele. Alguém duvida que ele tenha que duelar com a já citada bruxa? A obra transita pelo conhecido estilo gótico-infantil-cómico pelo qual o diretor ficou conhecido. Não que seja ruim, até porque realizadores talentosos costumam se repetir, mas Burton não traz nenhuma inovação (tanto narrativa, quanto visual) para Sombras da Noite. A sensação é amarga, de um pastiche descarado e preguiçoso.

Apesar de termos uma obra liderada por um cada vez mais letárgico Depp, o diretor apresenta um elenco interessante, principalmente pela presença de uma preocupada Michelle Pfeifer, uma divertida e sensual Eva Green e da jovem, mas não menos talentosa Chlöe Moretz. São essas atrizes que trazem algum atrativo para Sombras da Noite. Outros personagens parecem subutilizados, principalmente o empregado Willie Loomis, vivido pelo sempre ótimo Jack Earle Haley. O cantor Alice Cooper faz uma pequena participação como ele mesmo, mas até chegar o seu momento, o espectador já se encontra em um estado de aborrecimento total.


2 Comente Aqui! :

  • Película Criativa disse...

    Sombras da Noite é um filme pipoca e família. Já esperava isso do filme, mas sinto falta da ousadia clássica de Tim Burton que está desaparecida desde Sweeney Todd.

    Minha resenha de Dark Shadows:
    http://peliculacriativa.blogspot.com.br/2012/07/critica-sombras-da-noite-dark-shadows.html

 
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