Uma das principais, e não sustentáveis, críticas
negativas sobre a primeira temporada de Game of Thrones advinha de uma
possível falta de carga dramática, apesar, de particularmente, discordar. Claro
que a série foi ganhando interessados e alguns fãs pelas boas seqüências de ação (em
sua maioria, de violência explicita) e picantes (e ousadas) cenas de sexo, mas
é necessário lembrar que nem de muito longe, a sua season 1 se sustenta somente por essas duas citadas nuances. Sempre
existiu uma gama de temáticas adultas (assim como fantasiosas) bem
desenvolvidas e para quem duvidava, a segunda temporada veio para colocar um
ponto final nessas interrogações. Afirmo isso, porque os dez episódios exibidos
nos trazem uma trama muito mais cerebral do que visceral e a maioria das
escolhas em sua elaboração são bem vindas. A opção de montar um verdadeiro jogo
sórdido de tramóias, esquemas e conspirações, envolvendo assassinatos, traições
e inveja, de certa forma, atrasam a ação, não chegando a incomodar, mas
envolvendo verdadeiramente o espectador com o que está sendo exibido. Por isso, acho mais do que necessário
assistir a sua excelente abertura, aonde naqueles pouco segundos de uma brilhante animação ao som da já epica canção, entramos de
cabeça no clima da série.
Se ao final da season 1 tínhamos personagens
suficientemente cativantes, a equipe por trás de Game Of Thrones não se
furta a criar mais alguns a serem acompanhados e admirados. Além, de atribuir à
devida atenção aos que a merecem desde sempre. O duende Tyrion Lannister (Peter Dinklage), apelidado assim pelo
seu nanismo, irmão da rainha Cersei Lannister (Lena Headey), assume o seu papel de protagonista como o protetor do
impiedoso e adolescente Rei Joffrey (Jack
Gleeson). Situação que especialmente confere ao Duende um bocado de poder,
do qual ele trata de fazer uso de forma bem pensada e estratégica. Na primeira
temporada, a trama se situava mais em Westeros, lugar do trono de ferro; Winterfell,
reino gelado da família Stark e na trajetória com um povo barbaro, os Dothraki, da bela Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), descendente direta do
Rei Louco. Com a disputa do trono de ferro em aberto, outros dos sete reinos
entram em ação, como os governado pela Casa Arryn (do Vale) e Casa Hoare (Ilhas
de Ferro). Nisso, vamos conhecendo os limites dos Sete Reinos, que um dia foram
subjugados pelos dragões da Casa Targaryen, a mesma do já citado Rei Louco. Essas
nobres criaturas têm uma importância essencial (e nessa temporada já
percebemos) na mitologia desse fantástico mundo concebido pelo escritor George R. R. Martin.
Nessa season 2, além de Tyrion, destacam-se Robb Stark (Richard Madden), que de coadjuvante
passa a ser um dos que impulsiona a trama; Theon Greyjoy (Alfie Allen), de “ilustre prisioneiro” de Winterfell a um sujeito
invejoso e vidrado no reconhecimento do Pai. Jon Snow (Kit Harington), o bastardo dos Stark, também ganha certo destaque
com “os corvos” da Muralha, até porque a história vai avançar para além dos “povos livres” e outros moradores da fronteira dos Sete Reinos. Se por um
lado, a não leitura dos livros de Martin
possa ser vista como uma falha na hora de apreciar a sua adaptação, por outro,
faz com que um “espectador virgem” se surpreenda com as boas viradas da trama,
o que não são poucas. Reviravoltas categóricas que fazem do outrora importante
Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau),
o Regicida, um coadjuvante de luxo e atribui olhares para um peão descartável
como o infame cafetão “mindinho” Petyr Baelish (Aidan Gillen). A sensação é de que ninguém em Game Of Thrones está ali
somente por estar, todos tem as suas pertinentes motivações. Um personagem
aparentemente menos importante, como a guerreira Briene (Gwendoline Christie), pode a qualquer momento se tornar peça
essencial no intrincado tabuleiro.
Enfim, vale lembrar que mesmo
tendo um enfoque na elaboração de bastidores e estratagemas, apostando em plot points repletos de diálogos ácidos
e mordazes, essa season 2 de Game
of Thrones tem um episódio recheado de boa e bem dirigida ação.
Intitulado de Blackwater, o nono
capitulo deixa de lado todas as subtramas e se concentra especialmente na
defesa de Westeros da invasão do exercito de Stannis Baratheon (Stephen Dillane), irmão do finado Rei
Robert Baratheon. Apesar de toda a
evidente qualidade, vinda de ótimas atuações, do vistoso e grandioso trabalho
de arte, passando pela bela fotografia e trilha sonora; Game of Thrones é uma série que felizmente não chegou ao seu
ápice, o que deixa o público envolto em uma gostosa apreensão. O desfecho dessa
segunda etapa é promissor, em todos os sentidos. Existe muito a ser explorado,
o inverno ainda nem chegou, mas algumas posições parecem bem definidas, ainda
que possam mudar com qualquer mensagem presa na pata de um corvo.
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