Crítica de Filme: Prometheus (2012)

6 de junho de 2012 8 Comente Aqui!

O projeto Prometheus vinha sendo tracejado pelo diretor Ridley Scott há algum tempo. Talvez na idéia inicial, ele não levasse esse nome, mas o intuito era de que fosse um prequel de Alien, O Oitavo Passageiro (obra que catapultou Scott). Conforme o roteiro ganhava novos tratamentos, a própria realização se tornava mais ambiciosa e pretensiosa. Não que ambição e pretensão sejam pecados no mundo da 7ª arte, mas em ambos os casos, elas podem determinar o fracasso de um trabalhoso processo fílmico. Não acredito que o filme de Scott vá fracassar, até porque dispõe de todos os apetrechos para catalisar público (IMAX, 3D, efeitos especiais bem elaborados). Desde que os primeiros trailers e teasers foram ventilados, não demorou até que se gerasse certa ansiedade (até pela infinidade de fãs) e talvez as elevadas expectativas seja o maior problema de Prometheus. O filme passa muito longe de ser algo realmente decepcionante, facilmente agrada e entretém com qualidade, mas fica aquém de toda aura mística criada pela bem realizada divulgação.

A história começa no final do século 21, com um casal de cientistas, Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green), que em uma descoberta durante uma escavação, tentam comprovar uma tese que a muito estudam. Para eles, existe um padrão nas inscrições de hieróglifos de diversas civilizações antigas. Eles acreditam que aquelas pinturas elucidam uma mensagem pontual deixada por visitantes espaciais, a quem chamam de “engenheiros”. Um corte seco nos coloca alguns anos na frente, dentro da nave espacial Prometheus. No interior da imensa construção, concebida por um vistoso e realístico CG, percebemos que a tripulação permanece em animação suspensa, cuidada por um bem-educado sujeito chamado David (Michael Fassbender). Entre cuidados com a nave, estudo de línguas extintas e apreciações continuas do filme Lawrence da Arábia, percebemos que David é um andróide super avançado. Esses 10 minutos de Fassbender sozinho são dos mais incríveis, comprovando toda a versatilidade desse talentoso ator. O dever do droid é de monitorar a tripulação. Nas cabines de animação notamos o mesmo casal de cientistas. A conclusão lógica é que eles arrumaram alguém com muito dinheiro para financiar as suas teorias.

Então, a viagem espacial que acompanhamos, em um bem-vindo clima de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, chega ao seu destino: um longínquo planeta (afinal, levaram mais de dois anos a caminho), em uma galáxia desconhecida, mas com um Sol brilhante como o nosso. O que facilmente gera características climáticas semelhantes com a da Terra. A tripulação é reanimada e assim começamos a entender o que motiva cada personagem. Ridley Scott não foge dos estereótipos e momentos clichês para composição das personalidades, o que em um primeiro momento, nos remete diretamente a sua obra mais famosa. Apesar da evidente força de alguns personagens, como a megera Meredith Vickers (Charlize Theron), responsável da Cia. Weyland, que financiou a viagem; o foco da trama se volta para a cientista vivida por Rapace. É visível e notável o esforço da atriz sueca para entregar uma atuação competente ou mesmo empolgante, mas a sua doutora Shaw fica muito distante do carisma da Tenente Ripley de Sigourney Weaver. Afinal, com tantas características semelhantes entre ambas as produções, as comparações acabam sendo inevitáveis. Apesar de acreditar piamente que Prometheus funcione individualmente.

No delinear da historia, já com a tripulação explorando o planeta recém - descoberto, descobrimos que o caráter reflexivo que era elucidado nos trailers, perde a força. Se por um lado, as nuances dramáticas ganham contornos mais frágeis, por outro, não resta dúvidas de que Prometheus é uma obra feita para divertir. O tom de analogias religiosas e fé são deixados de lado em detrimento à construção de um movimentado thriller de suspense. Não que isso seja ruim, mas diminui em muito o impacto de todo o bem feito mise en scene inicial, levando o espectador a questionar sobre algumas das soluções apresentadas pelo roteiro. A sensação que fica é de que a perspectiva de explorar a origem da humanidade torna-se um mote subutilizado, assim como uma das principais surpresas da trama. As urgências em fazer com que coisas estranhas aconteçam, causando mortes e acidentes cruciais trazem uma sensação amarga de deja-vu. Verdade que o filme apresenta cenas impressionantes, principalmente as que usam com propriedade a tecnologia IMAX. Em determinado momento, Rapace protagoniza uma seqüência incrivelmente tensa, mas que deixarei para os amigos leitores descobrirem. Prometheus é uma sessão muito válida, “cinema pipoca” de qualidade, mas com perdão do trocadilho, ele promete mais do que apresenta.  


8 Comente Aqui! :

  • Silvano Vianna disse...

    Pois é Fábio eu assisti ao filme em uma cabine na 2ª feira e na hora que terminou a 1ª coisa que eu pensei foi isso: cadê o medo, a ansiedade que é a marca da "franquia"?

    Comentei isso com alguns "colegas críticos" dizendo que achei o filme legal, mas faltou sal, o filme focou muito na ficção e esqueceu principalmente do suspense e terror que provocava nos spectadores. Ai um deles respondeu ainda bem...na hora eu não respondi nada para não ser deselegante e como ninguém mais concordou comigo fiquei quieto. Mas batendo um papo com o Celo depois que ele viu o filme percebi que eu não estava sozinho nessa minha visão. É um bom filme de ficção mas não tem nada de suspense ou terror, uma pena.

  • Fábio Henrique Carmo disse...

    Silvano, mas a impressão dada pelo texto do amigo Celo é a de que o filme perde no fim por partir para o suspense, deixando as outras temáticas de lado. Mas aí é que entra o meu questionamento é esse: "Alien" é uma série de suspense. Ainda não vi o filme, mas vai ter uma pré-estreia esse fim de semana aqui em Natal e pretendo vê-la. Depois, deixo minhas impressões. Abraço!

  • Edson Braga disse...

    Assisti ao filme. Longe de ser um filme que se possa traçar qualquer comparativo com Alien.
    O Filme é ruim. na verdade muito ruim. Fui ao cinema influenciado pela ótima propaganda. Se perderam no decorrer da trama e o filme termina com a certeza que teremos PROMETEUS II se é que I vai pegar. Não recomendo

  • SuperSogra disse...

    `Pra quem é fã de Alien é muito ruim sem contar que matou a parte Alien Vs Predador pois se Prometheus aconteceu depois toda aquela historia de que os predadores cultivavam Aliens para caçarem na Antartida ficou sem sentindo. A não ser que venham dizer que foram os serem humanos que criaram a raça de alienígenas. Mas não gostei pois pelo que vi os aliens são um acaso evolutivo das minhocas que haviam no chão da ante sala da nave e foram cruzados por acaso por um robo que fez uma mulher engravidar de um cara que estava contaminado! Ou seja os seres humanos são os pais dos Aliens. Tenete Ripley se virou no seu tumulo do futuro agora

  • Anônimo disse...

    O filme "prometeu" mas nao cumpriu. Concordo com o blogueiro que o diretor errou na mao. No cinema tinha eu e mais uns 10 tolos. Nao sai´ antes do fim porque nao iriam devolver meu ingresso. Mas aprendi. Quando o trailer esconde muito e´ porque o filme nao ta com nada.

  • Ezequiel Paixão disse...

    Esse filme não é para qualquer tipo de publico.Para quem acompanha o diretor Ridley Scott (Alien, Blade Runner, Cruzada, Gladiador)já se acostumou a sua maneira de fazer cinema, sempre instigante! Gostei do filme. Uma narrativa rápida, bela fotografia, boa historia e excelentes atores. Daria uma nota "ótimo" ao filme, porém, acho que no final ele cria um certo equivoco. Mas no geral um bom filme. Vale a pena conferir!

 
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