Crítica de Filme: O Corvo (The Raven)

19 de maio de 2012 3 Comente Aqui!

Sabe-se que o escritor americano Edgar Allan Poe (no filme John Cusack) teve uma morte precoce e envolta em mistérios, assim como as que criava em suas obras. Comenta-se também que quatro dias antes do seu falecimento, foi encontrado vagando bêbado e proferindo frases sem sentido. O novo filme do diretor James McTiegue (o mesmo de V de Vingança), intitulado O Corvo (não é um remake daquele com Brandon Lee), parte dessa premissa (mesmo que a fazendo de forma confusa), para criar uma trama ficcional sobre esses acontecimentos. A produção pode divertir e entreter, sem muitos contratempos que aborreçam em demasia o espectador, mas não esperem algo que trate Poe com a dignidade que mereça. O filme passa longe de ser biográfico, apostando em um thriller de suspense e não estranhem se “pescarem” varias semelhanças de realizações com temática parecida.

Depois de uma vistosa abertura, que remete ao recorrente talento visual de McTiegue, a trama nos apresenta um terrível assassinato duplo, cometidos contra uma senhora e sua filha. São seqüências de cenas que são costuradas com a primeira aparição de Poe, mostrado como um sujeito beberrão e arrogante, apesar de bem humorado. Temos uma atmosfera de estética gótica, soturna, ainda com uma violência afrontadora nos primeiros minutos, mas ainda assim, podemos perceber que o filme está aquém do seu potencial. O Poe de Cusack está totalmente fora do timing do personagem, mas talvez esse nem seja o principal problema. Através de uma dica do próprio assassino (ora, senão fosse ele...) sabe-se que o homicídio duplo foi cometido como em um conto do famoso escritor. Não tarda até que aconteça outro crime da mesma maneira, envolvendo um personagem que realmente existiu, o critico literário Griswold (que também era um dos maiores detratores de Poe). Adiciona-se um inspetor (Luke Evans) obcecado em descobrir quem é o serial-killer, a linda moça (Alice Eve) que é a paixão do escritor e não demora a se tornar alvo, mais seu pai ricaço (Brendan Gleeson), para termos armado um típico e dos mais previsíveis “filmes de serial-killer”.

O Corvo tem vários pecados, principalmente por investir em soluções obvias e personagens rasos. A violência caprichada não funciona como o diretor provavelmente almejava e as boas sacadas (pena que mal utilizadas), até iniciam o envolvimento do público em uma aura sinistra, principalmente pelas citações do escritor, que é considerado como um dos precursores da literatura de ficção cientifica e fantásticas modernas. Porém, a montagem acelerada, intercalando e sobrepondo demais as cenas, diminuem tais momentos, ainda cortando de forma brusca (?) um bom momento que Poe cita o poema do corvo. A busca pelo assassino se torna o mote principal da trama, o que de forma pouco inteligente, faz com que o escritor fique em segundo plano em seu próprio filme. Só por isso a realização já soaria um tanto estranha. Enfim, é um filme torto, que pode agradar, assim como pode desagradar. O mais do mesmo, se aproveitando de uma figura famosa. 


3 Comente Aqui! :

  • J. BRUNO disse...

    Eu estava curioso em relação a ele, gostei muito do "V de Vingança" e esperava algo mais profundo deste, até agora só vi criticas negativas, se eu for vê-lo vai ser tão somente para tirar uma conclusão pessoal, porque a curiosidade já se foi...

 
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