Crítica de Filme: Contrabando (Contraband,2012)

6 de maio de 2012 1 Comente Aqui!

Os executivos de cinema brasileiro, cada vez mais, parecem apostar em filmes que apontem para um retorno certo. Em tempos que os riscos são estudados por especialistas, não é estranho que certos filmes que outrora teriam lugar certo na telona estão sendo deixados de lado em detrimento a opções mais viáveis e seguras. Poderia até citar bons filmes que recentemente nem viram a sala escura e foram direto para home-video, mas não vamos tirar o foco de Contrabando, que é o filme aqui em questão. Freqüentador assíduo que sou de cinema, me deparei algumas vezes com o pôster desse filme por ai. Não dá para dizer que tinha ansiedade em conferi-lo, mas como também sou um apreciador confesso de filmes de ação e policiais, mal não faria em conferir esse na telona. Quando descobri que seu destino seria o DVD, não titubeei e peguei logo para assistir uma “cópia de serviço”.

Infelizmente, a realização do diretor Islandês Baltasar Kormákur (estreante em Hollywood) fica aquém do esperado e é até compreensível que tenha sido desprestigiada. O filme é confuso ou mesmo mal montado, algumas seqüências fazem pouco sentido, mas vai lá, normalmente não se pode esperar mais do que entretenimento em um filme de ação. Ressalva: entreter com qualidade é trabalho difícil e quando bem feito, deve ser mais do que louvado. Existe uma clara intenção aqui de não se fazer apenas cinema de gênero, há outras aspirações, pelo menos por parte do diretor. Será que Kormákur queria dar uma visão autoral para a sua realização? Bem, percebe-se até algum apreço relativo a isso, mas não da para dizer que seja evidente. Visualmente, o filme é vistoso, com uma fotografia de tons azuis, que talvez surja assim para exaltar algum tipo de melancolia dos personagens, mas como a trama é delineada, o brilhantismo estético acaba por ter a força diluída. A obra tem muito de thrillers de ação/suspense mais recentes e também aponta para um tipo de ação mais realística.

A afirmação sobre o trabalho de Kórmakur tender para alguma “autoralidade”, é respectiva ao próprio cinema escandinavo/nórdico, do qual ele é oriundo. Um tipo de cinema que tem a tendência de mesclar os gêneros, trazendo por vezes, uma visão pessoal para os fatos. A indústria parece bastante interessada em absorver esses aspectos, digo isso, porque recentemente tivemos bons exemplos de obras de sucesso que apostaram nessa visão dos cineastas “gelados”. Cito rapidamente, Drive, do dinamarquês Refn e O Espião que Sabia Demais, do sueco Alfredson. Talvez a intenção de Kormákur fosse fazer uma obra que se assemelha tanto nos aspectos narrativos, quanto nos visuais de seus conterrâneos. Só que Contrabando, em meio a tantas nuances e aspirações, carece mesmo é de uma boa historia, ou melhor, de uma história, mesmo que comum, mas bem contada. Em certo momento, as reviravoltas são tantas, que aborrecem e distanciam o espectador do que está sendo mostrado. 

Na trama, Chris Farraday (Mark Wahlberg) é um ex-contrabandista, agora pai de família, que precisa voltar à ativa para pagar uma divida que seu cunhado (Robert Wahlberg) contraiu com um gangster local (Giovani Ribisi). Logo eles se metem em um navio, com rumo ao Panamá, aonde visam trazer uma encomenda de dinheiro falso de volta para os EUA. O filme não demora a se dividir em duas narrativas, na primeira acompanhamos as peripécias de Chris e um grupo de contrabandistas escolhidos a dedo por ele e que tem seu ápice em uma tensa negociação com um criminoso vivido por Diego Luna. Na outra, a esposa de Chris, interpretada por Kate Beckinsale precisa se safar das violentas investidas do gangster, que a pressiona constantemente pela divida do irmão. Nesse meio, ainda temos Abney (um Ben Foster subutilizado), melhor amigo de Chris, que fica com a obrigação de cuidar da sua família enquanto ele está fora.

Tendo um momento interessante aqui, como uma boa seqüência de perseguição e tiroteio, e outro acolá, em uma cena em que precisam esconder a mercadoria dentro do navio com o uso guindastes, mas que não são suficientes para salvar o filme. Contrabando acaba por ficar mesmo como uma realização genérica e descartável,  tão comum à indústria ianque. Diverte até quanto pode (nos momentos em que pretende ser ação) e entedia (seus personagens apresentam a profundidade de um pires) quando ousa ser mais séria. 




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