Crítica: Os Vingadores (The Avengers/2012)

20 de abril de 2012 3 Comente Aqui!


Apesar de hoje em dia os heróis dos quadrinhos (independente da editora) significarem praticamente sucesso certo para o mercado cinematográfico ianque, infelizmente, o mesmo não pode ser dito para o mercado de “historias em quadrinhos”. Diferente de outras épocas, em que os saudosos “gibis” eram populares e tinham um largo alcance midiático, hoje em dia, a dita 9ª arte está bem restrita a rodas particulares. Ler uma boa HQ tornou-se algo elitizado, até pelo alto preço que anda sendo aplicado. Há anos, a própria Marvel tinha ciência dessa inevitável curva descendente que o mercado de quadrinhos tinha entrado, os motivos podem ser enumerados facilmente. Então, interessada em tornar seus personagens atraentes para uma nova geração, a editora resolve apostar todas suas fichas no cinema (afinal, ainda é uma das maiores mídias catalisadoras dos olhares e cifras atuais).  Em um primeiro momento, vendeu direito de adaptação de seu material para grandes estúdios. Alguns bons filmes foram realizados, como o Homem Aranha de Sam Raimi, mas a intenção da Marvel era outra, ela almejava adaptar para a 7ª arte o universo intrínseco de suas publicações.
                                                                                                                
Desde o Homem de Ferro (2008), a Marvel, agora detentora de um estúdio próprio – subsidiado pela Disney - mostrava que sedimentar o seu universo no cinema não era apenas intenção, era um projeto visto com muita seriedade. Claro que o sucesso da primeira aventura de Tony Stark (Robert Downey Jr.) na telona foi fundamental para ditar o ritmo que as tramas teriam: cheia de aventuras, alguma dramaticidade, mas dotadas de humor e referencias ao próprio universo dos quais eram originadas. Em seqüência, tivemos O Incrível Hulk (2008), Homem de Ferro II (2010), Thor (2011) e Capitão América (2011). Filmes de personagens próprios, contando suas origens, alguns superiores, outros inferiores, mas que de uma maneira ou de outra armavam um gancho para o projeto (até agora) mais grandioso (e por que não dizer pretensioso?) da Marvel Studios: Os Vingadores. A equipe criada em 1963 por Stan Lee e Jack Kirby trazia personagens diferentes dessa formação composta para a obra do diretor Joss Whedon. Os heróis escolhidos para esse filme são mais icônicos, mas o importante mesmo era saber o resultado final dessa incursão cinematográfica de um dos grupos de super heróis mais queridos dos quadrinhos.

Como toda superprodução incensada pelos fãs, Os Vingadores, mesmo antes de começar a ser filmado, já era amplamente discutido. Será que os personagens seriam bem delineados? O Homem de Ferro de Downey Jr. roubaria a cena e transformaria o filme em uma terceira parte de sua cine-serie? Seria uma aventura insossa como foram as do Quarteto Fantástico? Na verdade, as dúvidas pairavam mais do que as certezas. Quando trocaram o diretor Jon Favreau por Joss Whedon à credibilidade despencou, até porque os principais trabalhos de Whedon tinham sido nas series televisivas Buffy e Angel. Realmente o diretor não inspirava muita confiança, mas não é estranho a Marvel ter confiado a um realizador praticamente inexperiente em longas-metragens esse ambicioso projeto. Desde sempre o cinema americano costuma apostar em diretores novatos (mesmo para grandes produções). Tenho duvidas se esse tipo de expediente deva-se a facilidade de manipular o corte final ou se para investir em um novo talento. Talvez, essa resposta nunca seja dada com propriedade e ainda sirva como uma desculpa para ambos. Afinal, se o resultado final for ruim, o estúdio pode culpar o diretor, por ser inexperiente, ou o diretor pode culpar o estúdio, por ter mexido demais no seu trabalho.

Enfim, caro amigo leitor, é com muita felicidade que esse humilde escritor escreve em letras garrafais: PODEM IR AO CINEMA SEM MEDO PARA ASSISTIR OS VINGADORES! O filme é bom demais, realizado com esmero e respeito aos velhos e novos fãs/espectadores. Sim, os 142 minutos de projeção (que passam voando) são suficientes para desenvolverem os conflitos de cada personagem. Cada um deles tem seus dramas pessoais pincelados e interligados. Claro que a profundidade dramática de Os Vingadores é pertinente à dinâmica limitada que um bom blockbuster pode ter. Existe muita ação em cena, mas também vemos diálogos ácidos e divertidos. E apesar de toda presença e carisma de Downey Jr, Os Vingadores não se tornou um Homem de Ferro 3. Cada herói tem seu momento principal no filme, e, diga-se de passagem, em sua maioria, bem empolgantes. Reafirmo que o filme foi feito com esmero, porque percebemos as simbologias “quadrinescas” que exalam das cenas para satisfazer os fãs ardorosos, mas elas são cometidas de uma maneira para não se tornarem extremamente referenciais. As concessões e as novas apostas são medidas na dose certa para não se extrapolar ou parecerem overacting. Pode-se até dizer que o filme aposta em escolhas seguras (como trilha sonora simples, fotografia tradicional e soluções edificantes) mas até os clichês são bem inseridos e executados.
                                                                                     
Eu poderia até ficar aqui citando as melhores cenas de Os Vingadores (vontade não falta), mas não o farei porque, além de não soltar incômodos spoilers do filme, faço questão que o espectador o aprecie e se surpreenda com essa ótima realização na tela grande. Algumas coisas podem ser ditas sem me preocupar em parecer estraga-prazeres: não falta vivacidade nos duelos verbais entre o Capitão América (Chris Evans) e o Homem de Ferro ou nas disputas físicas entre Hulk (Mark Ruffalo) e o Deus nórdico Thor (Chris Hemsworth). Situações enquadradas com funcionalidade na trama sobre uma invasão ao nosso planeta (oras, para que se formaria um grupo como Os Vingadores, senão para salvar a Terra?) Das belas curvas da Viúva Negra nem preciso falar, até porque Scarlett Johansson é um colírio para os olhos. O Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) tem seus momentos, assim como o vilão Loki (Tom Hiddleston) e o chefe da SHIELD Nick Fury (Samuel L. Jackson). O aparato de efeitos especiais é dos mais modernos e vistosos, fazendo render momentos de tirar o fôlego. Os Vingadores tem boas surpresas e gostosas reviravoltas (apesar de previsíveis, mas quem liga?). Parabéns a Marvel que mostrou como se faz um bom arrassa-quarteirão, desses que une varias gerações no cinema. Avante Vingadores!



3 Comente Aqui! :

  • J. BRUNO disse...

    Eu estava imaginando que o filme fosse repetir, dentre os críticos, a campanha regular dos filmes individuais de cada herói. Eu não estava muito ansioso em relação a ele, mas agora já estou e mal posso esperar pra conferir...

  • Fabio Pastorello disse...

    Filmaço!!! Parabéns pela crítica, Celo. Dá um pouco de curiosidade mesmo pra saber como se dá a escolha dos diretores, mas nesse caso acho que para saber orquestrar todos os elementos de uma super produção como essa e ainda gerenciar a expectativa do pessoal, o cara deve ser muito bom mesmo.

 
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