Crítica: Anjos da Lei (21 Jump Street/2012)

30 de abril de 2012 2 Comente Aqui!


Anjos da Lei (21 Jump Street no original) foi uma série de relativo sucesso no final dos anos 80 e começo dos 90. O principal atrativo do mote televisivo eram as desventuras de um grupo de policiais bem jovens, que juntos formavam uma força policial bem peculiar. Trabalhavam infiltrados em escolas secundarias, a fim de desvendar esquemas criminosos, em sua maioria relativos a tráfico de drogas. Não dá para dizer que a serie era uma obra-prima (ou algo parecido), mas definitivamente ela tinha seus momentos, principalmente quando entrava em cena o personagem rebelde Tom Hanson (Johnny Depp). Hanson era um policial recém-saído da academia, desses “vibradores”, cheios de ideais e não media esforços para impor a lei (mesmo que tivesse que quebrá-la). O próprio Johnny Depp já reconheceu publicamente a importância da serie para a sua carreira.

Não é novidade que a onda em Hollywood há muitos anos é refilmar, reimaginar, revisitar produções que fizeram sucesso ou não em outrora. Pasmem, tivemos até nova versão para Os Gatões (ninguém via isso nos anos 80), então, por que não um filme para Anjos da Lei? Na verdade, a intenção do projeto estava em pauta pelos corredores dos estúdios faz algum tempo, mas longe de ganhar um tratamento que o levasse a telona. Assim como a indústria do cinema tem feito tantas refilmagens, ela também não se furta a usar de elementos cinematográficos em voga na ocasião. Resultado: o que vemos nesse Anjos da Lei é um hibrido entre a serie original e o humor politicamente incorreto feito por comediantes americanos nesse inicio de século 21. Tem muito de Judd Apatow, Greg Motolla e companhia (comprovado até pela presença do ator Jonah Hill) nessa realização capitaneada pela dupla de diretores Phil Lord e Chris Miller (os mesmos da animação Tá Chovendo Hambúrguer).

Na trama, temos os mesmos novatos Tom Hanson (Channing Tatum, muito longe de ser um Depp) e seu parceiro Doug Penhall (Jonah Hill). Depois de algumas trapalhadas policiando um parque, são designados para uma força-tarefa com o intuito de desbaratinar o tráfico de drogas em uma típica High-School. Se a serie original tinha seus momentos cômicos aliados a um caráter mais dramático, o filme aqui em questão, se desprende de qualquer aspiração séria e aposta em uma comédia escrachada. O roteiro escrito pelo próprio Jonah Hill tripudia de si mesmo e envolve a realização de um caráter cool. Tanto que em seus 40 minutos inicias, a obra se mostra até surpreendente, subvertendo alguns clichês do gênero e brincando de forma inspirada com os estereótipos apresentados. Há boas piadas sobre o politicamente correto e sobre a preocupação ambiental, que se tornou uma espécie de paranóia mundial. Porém, em algum momento da trama, as seqüências começam a soarem repetitivas e não fazem o filme avançar. Logo também as piadas surgem menos inspiradas, conduzindo para uma solução um tanto atabalhoada.

O personagem Hanson aparece diminuído na historia, até porque Channing Tatum não mostra muito talento para a comédia. Ainda que não tenha um foco narrativo semelhante, só essa questão já faria esse Anjos da Lei soar estranho e imperfeito para quem acompanhava o material original. Como a própria série não é das mais conhecidas (mesmo sendo cultuada), nem vejo tanto problema nisso. Tem que se reconhecer que Jonah Hill é a melhor coisa do filme. O processo inverso que seu personagem faz na trama, de nerd no passado a popular no presente, é uma sacada divertida. O mesmo é feito com Hanson de Tatum, mas não dá para dizer que funcione igual. As cenas em que ele aparece em meio aos nerds de química passam bem perto do tédio. Vejo Anjos da Lei  como um filme que tem até potencial para fazer sucesso entre um público despretensioso, não tenho dúvidas disso. Porém, não posso afirmar com toda certeza que é um produto dos mais bem acabados. Diverte e faz rir enquanto se come uma pipoca. Isso é mais do que válido, mas não estranhe se um amigo lhe perguntar sobre como é o filme e você perceber sem mais, nem menos, que ele foi deletado da sua memória.  



2 Comente Aqui! :

  • Amanda Aouad disse...

    Não sei nem até que ponto pode ser considerado uma adaptação da série, na verdade é uma bifurcação do universo da mesma, já que é até citada no filme. Aliás, a crítica aos clichês, à falta de ideias novas em Hollywood e a participação especial de você sabe quem, são as melhores coisas do filme. No geral, é como você disse mais uma bobagem facilmente esquecível.

    abraços

 
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