Crítica: Martha Marcy May Marlene

25 de março de 2012 0 Comente Aqui!

Apesar de uma narrativa fluida e interessante, é inevitável não dizer que Martha Marcy May Marlene é um filme imperfeito. Com mais esmero, o diretor novato Sean Durkin teria construído algo bem perto de uma pequena obra-prima, um bom derivado de um Malick. Digo isso, porque a proposta do estudo do isolamento e da vida em uma sociedade alternativa, bem perto da natureza, torna-se por vezes falha ao tentar trazer para a realização uma aura estranhamente transviada. Diria que perto até do que seria um filme de suspense. Então, também se torna inevitável não comparar o líder (John Hawkes muito bem) e os moradores da comunidade hippie da qual a jovem Martha (Elizabeth Olsen) foge com Charles Mason e seus seguidores.

Logo Martha se refugia na casa da irmã (Sarah Paulson), mas os motivos que perturbam a moça são revelados aos poucos, em flashbacks, ditando o ritmo, que apesar de lento não chega a inquietar. Durkin insere muito bem as cenas do passado com cenas da atualidade de Martha. Traçando assim um parâmetro atrativo entre a vida aparentemente desapegada que ela levava com a vida abastada que sua irmã tem com o marido em uma bela casa na beira de um lago. Nesse ponto, é provável que se Durkin se preocupasse em explorar as nuances desse impacto da volta à vida tradicional o filme crescesse. Por exemplo, uma das melhores cenas é quando Martha discute com o cunhado sobre o tipo de vida que o ser humano deveria levar. Em certo momento ela diz: “Nós deveríamos apenas existir.” O que mostra o quanto o ser humano pode ser confuso nas suas próprias aspirações, mesmo quando parece ter certeza delas.

Quando Martha Marcy May Marlene parece que vai se impor como um bom drama existencialista e poético, o diretor Durkin trás para a obra um contraponto violento, o que aproxima o filme de obras como Helter Skelter, que retratava a vida do já citado Charles Mason. Então o filme vai diminuindo seu ritmo até um epílogo anti-climático, o que faz parecer que Durkin quis cometer uma obra com o intuito de figurar em um circuito mais cult. Claro que as interpretações e considerações ficam a cargo do espectador, mas não dá para dizer que o diretor tenha tomado todas as decisões certas. Por isso reafirmo que apesar de bom, é um filme que pode incomodar.




0 Comente Aqui! :

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...