Crítica de Mini-Série: Mildred Pierce

7 de março de 2012 2 Comente Aqui!

Inevitável afirmar que a mini–série em cinco capítulos, Mildred Pierce, esta mais para um filme de pouco mais de cinco horas do que uma série de fato. A produção do canal HBO tem todos os episódios dirigidos por Todd Haynes, de filmes como Longe do Paraíso e Não Estou Lá. Essa experiência cinematográfica de Haynes acaba por se destacar na maneira como concebe essa obra e confirma esse tom de suposto longo filme. Também se deve afirmar que essa investida improvável do diretor caiu muito bem para TV, até por ter oportunidade de desenvolver bem a trama e acompanhar com detalhes a vida da personagem central.

A trama nos insere na vida de Mildred Pierce (Kate Winslet) a partir do seu divorcio do marido Bert (Brian F. O´Byrne). Primeiro mostrando as dificuldades de ser mãe solteira de duas meninas, que são potencializadas por Mildred viver na década de 30, durante a Grande Depressão americana. Depois vamos acompanhando como a inicialmente dona de casa se vira para cuidar das filhas de maneira decente. Um dos aspectos interessantes, é que mesmo Mildred tendo que cortar um dobrado, ela não deixa de ter o seu orgulho, muitas vezes ferido e também não se torna um daqueles personagens edificantes, o que acaba a trazendo para muito perto da nossa realidade. Os sentimentos representados em Mildred Pierce são bem palpáveis, muito perto de coisas que passamos, seja na nossa vida pessoal ou profissional. Todas as alegrias e tristezas (que não são poucas) de Mildred retratam muito bem essa humanização da historia, que não apela para o piegas, o que poderia até ser uma saída comum para as soluções.

Mildred Pierce tem momentos emocionantes e melancólicos, com destaque para os protagonizados por Mildred e sua esnobe filha Veda Pierce (Morgan Turner/Evan Rachel Wood). A moça, que em certo momento é chamada de serpente por um de seus tutores, parece fazer de tudo para desmoralizar ou diminuir a mãe, mas mesmo assim, Mildred não deixa de mimar e exaltar a filha, a quem ama muito. É notável a conjunção que Haynes faz entre as seqüências que retratam a ascensão financeira de Mildred, que são gratificantes, com outras que funcionam como severos castigos para a personagem. Um outro destaque são as ousadas cenas de sexo realizadas por Kate Winslet, a atriz se entrega de uma maneira poucas vezes vista para uma atriz famosa. As seqüências exalam sensualidade, o que é um ponto positivo também e comprovam que Mildred quer ser feliz como qualquer um.

Fato que o texto do qual advém esse Mildred Pierce é excelente e já rendeu uma adaptação cinematográfica intitulada Alma em Suplicio, que premiou a atriz Joan Crawford com um Oscar no longínquo ano de 1945. Essa nova adaptação feita pelas mãos de um talentoso e hábil diretor como Todd Haynes consegue ser muito bem desenvolvida, com uma reconstituição de época brilhante, evidenciada com uma fotografia de qualidade e uma trilha sonora impecável. O elenco em sintonia, entregue aos personagens é encabeçado pela excelente atriz Kate Winslet, que faz um trabalho maravilhoso. A obra ainda dispõe de coadjuvantes como a premiada Melissa Leo, a não menos talentosa Evan Rachel Wood e outros tarimbados como Guy Pearce e Hope Davis. O formato de mini–série de Mildred Pierce atesta também que muitas vezes certas obras precisam de um tratamento mais extenso e é nesse ponto que a TV, feita com seriedade como nas produções da HBO, pode fazer a diferença.


2 Comente Aqui! :

  • Gustavo Pavan disse...

    Parabéns, Celo. O texto é muito abrangente e fiel aos sentimentos que o "macro-filme" me transmitiu.
    O forte desse trabalho consiste sem dúvida nas grandes atuações de kate Winslet e Evan Rachel Wood, principalmente. Despindo-se (como sempre) de qualquer tipo de vaidade pra dar vida a seus personagens, Kate Winslet se consagra mais uma vez como a Melhor Atriz de sua geração e uma das maiores da atualidade.

    Aliás, que pernas, Kate Winslet.
    Abraço, Celo.

 
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