Crítica: 13 Assassinos (Jûsan-nin no Shikaku)

26 de março de 2012 0 Comente Aqui!

Se os americanos têm o western como um dos seus gêneros mais representativos, aonde muitas vezes usam o cenário para contar a sua própria historia, os japoneses tem nos filmes de samurai o seu reflexo, aonde apresentam toda a importância que dão para a honra, vista muitas vezes no samurai que comete o harakiri (suicídio). As histórias que se formam em volta de homens que não se furtam em entregar a vida pelo que acreditam se mostram tão vastas na filmografia japonesa, que o mestre Kurosawa se apossou do tema e conseguiu extrair verdadeiras obras-primas, como Os Sete Samurais ou Rashomon. E o filme em questão, 13 Assassinos, mesmo não tendo um caráter tão reflexivo das obras de Kurosawa se mostra uma eficiente realização sobre essas lendárias figuras que povoam o imaginário mundial desde sempre.

A realização do experiente diretor Takashi Miike é a prova de que nem sempre um filme precisa de uma história complexa e grandiosa para ser notável. O ponto de partida da trama de 13 Assassinos é até simples: vivendo em uma época em que os samurais são dispensáveis, o conselho do imperador secretamente incumbe um samurai respeitado chamado Shimada (Kôji Yakusho) de recrutar um pequeno grupo de homens para assassinar o Lorde Naritsugu (Gorô Inagaki), um político ditador violento que pleiteia um cargo na câmara do Shogun representante do Império.

O primeiro ato da obra se mostra um pouco tedioso, porque as tramóias em questão são pouco explicativas e perde-se um bom tempo mostrando o recrutamento dos samurais, que talvez na falta de rostos conhecidos façam algumas cenas soarem repetitivas. Com o desenrolar do filme, alguns personagens se mostram carismáticos e percebemos que a história fica até em um segundo plano para assim Miike construir um trabalho esteticamente perfeito e eletrizante. O grupo formado por 12 samurais e um camponês misterioso (que também serve como alivio cômico) sitia uma cidade na intenção de armar uma armadilha para o Lorde Naritsugu. Então, a partir dos acontecimentos no povoado, vemos como esse tipo de cinema se assemelha ao faroeste americano, trocamos os revolveres por espadas e presenciamos uma batalha magnífica (de quase 50 minutos) entre 13 homens e praticamente um exército inteiro, mas dentro de um contexto plausível, sem personagens voadores ou magia.

Se a historia é deixada de lado, no final pouco importa, porque vemos um filme autêntico em suas pretensões, mostrando como esses homens chamados de Samurais se entregavam a propósitos muitas vezes errôneos e mesmo tendo suas próprias convicções, as deixavam de lado para poder cumprir a missão para qual nasceram. Engraçado que em uma visão ocidental pode parecer um bocado de heroísmo, mas pelo desfecho do filme percebemos que os próprios japoneses hoje entendem que da violência da guerra não existe nada de heróico.


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