Crítica do Filme: Pina 2011 (Pina, 2011)

14 de fevereiro de 2012 8 Comente Aqui!

Dando continuidade a nossa fantástica cobertura do Oscar (sério vocês já viram quantas críticas já fizemos dos indicados desse ano?), hoje vou analisar o filme Pina. O filme é mais um dos favoritos dentre os indicados na categoria documentário nesse ano. De origem alemã o projeto é uma homenagem a coereógrafa e dançarina Philippine Bausch ou Pina para os mais íntimos. O filme foi um projeto desenvolvido pela homenageada e deveria abordar as suas peças em 3D, inflizmente ela faleceu em 2009. Depois disso o projeto virou uma obra baseado em suas coreografias e repleta de depoimentos, servindo como uma homenagem póstuma a coreógrafa revolucionária. 

Pina literalmente sacudiu o mundo da dança e foi praticamente a percursora de um movimento chamado teatro-dança. Suas obras são conhecidas principalmente por contar histórias baseadas nas experiências de vida dos bailarinos que também contribuíam na construção de suas peças. Em vez de fantasias e figuras ela preferiu trabalhar com o urbano, o real e o cotidiano. Os dançarinos em cena as vezes não dançam, mas correm, gritam, riem e até contam piadas. As vezes alguém derrama água ou joga terra no chão do palco... suas obras conjugam inúmeros elementos de dança, música, linguagem e do teatro. Seu movimento no início chocou muita gente e constantemente resultava em vaias ou pessoas saindo do teatro.

Durante boa parte de sua carreira ela foi diretora da Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, localizada em Wuppertal. A companhia tem um grande repertório de peças originais e viaja regularmente por vários países. Com o tempo Pina foi ganhando inúmeros simpatizantes e dançarinos dos mais diversos países se juntaram a sua companhia. Ela foi uma inspiração para muitos artistas incluindo Pedro Almodóvar (A Pele Que Habito) que no acalmado filme Fale com Ela fez um cena para que Pina dançasse.

Sobre o filme questiono e muito a sua classificação como um documentário. Durante a projeção vocês vão perceber que nada disso do que eu pesquisei e escrevi sobre a coreógrafa é dito ou passado no filme, o que achei bem incoerente. O espectador então sai sem entender ou conhecer a mente de Pina que também aparece muito pouco na produção. O mais próximo que se tem de um documentário são os depoimentos de seus colegas dançarinos. Aliás uma das poucas coisas que simpatizei foi o fato do filme ter dado a liberdade para cara um dar o seu depoimento em sua língua natal.

Os primeiros 50 minutos de filme são sofríveis confesso que resisti mesmo por perseverança e por se tratar de uma obra indicada ao Oscar desse ano. Pessoas que como eu não gostam muito de dança moderna terão muita dificuldade de assistir essa produção até o fim - realmente a vontade que tive foi de desistir ou vaiar. Mesmo assim dá para notar o quanto a coreógrafa era capaz de fazer uma montagem fantástica de suas peças casando os "movimentos de dança" perfeitamente com as músicas do espetáculo. As passagens fora do teatro (ao ar livre ou nas ruas) também são muito interessantes e o 3D dá uma profundidade também impar a obra especialmente porque foi feito com qualidade.

Eu acredito que a nomeação para os prêmios de um modo geral tem muito haver com o nome da artista que hoje é muito reconhecida internacionalmente e a direção de Wim Wenders. Wenders já tem uma carreira internacional também de grande reconhecimento especialmente depois do sucesso de seu documentário Buena Vista Social Club. Não direi que o filme é ruim, pois ele é bem feito. O que posso afirmar é que vai agradar a poucas pessoas, provavelmente vai ficar restrito a um público que trabalha com dança moderna que deve prestigiar essa obra. Acharei muito incoerente se o filme levar o prêmio na categoria de melhor documentário, ainda mais por ter alguns candidatos de muita qualidade nesse ano.


Trailer:

8 Comente Aqui! :

  • Wallace disse...

    O Pina foi feito pra ser visto em 3D, e em 3D, é uma obra-prima, é um filme contemplativo, tentar analisar e formar opinião dando um parecer a partir de uma projeção inadequada é no mínimo irresponsável. Achei bom você ter pesquisado e nos informado algo que nem o documentário nos passa, mas quando digo “superficial” é no ponto de vista da crítica como opinião e não da análise como informação.
    O Wim Wenders é um grande fotógrafo não um grande contador de histórias.

    Quanto ao Oscar, o "pedantismo" e o "superestimo", confesso que não fui feliz com a escolha da palavra “pedante”, o que estava tentando dizer é que vocês são lidos exatamente por serem uma alternativa aos grandes portais, e se portarem como tais.
    As críticas são despretensiosas e o texto é corrido e mais informativo do que opinativo. Mas nessas críticas do Oscar achei os textos um pouco ambiciosos, parecia, justamente, que eu estava lendo um texto do Ruben Ewald Filho.
    Eu até entendo a animação com "A Premiação" e por ser vista como a mais importante requer um esmero especial.

    Vocês deveriam ter feito uma "super cobertura" do Sundance, isso seria uma boa alternativa aos grandes portais.

    Quanto ao "item 4", nunca botei em cheque o site e a equipe, minha crítica é pontual as análises dos filmes do Oscar.

    Essa aproximação com os leitores só os faz crescerem, já enchi demais, beijo-beijo.

  • Tiago Britto disse...

    Wallace,

    O período de premiações realmente nos faz enxergar algumas produções com olhos menos críticos e mais emotivos. Infelizmente é um coisa que admito, porém a maioria do público esta concordando conosco. Ou todos se sentem assim ou realmente estamos acertando mais do que errando.

    Transmitir o Sundance é muito difícil para nós. Infelizmente....fizemos questão de colocar os destaques de lá, mas acesso às produções só é possível no ano que vem, ou mais para o final desse...

    Outra coisa é que sua crítica ao nosso trabalho não é levado, não será levado e jamais será considerado algo ruim. Quanto mais pessoas nos leem mais gente temos que agradar. E com esse tipo de comentário amadurecemos e aprendemos.

    Abs e volte sempre! Dê sugestões. Estamos aqui para isso.

  • Silvano Vianna disse...

    Certo alugumas coisa ficaram mais claras agora em seu segundo comentário.

    1 - Infelizmente não tive acesso ainda ao filme em 3D (já que esse ainda não chegou no Brasil), pode ser que ele fique melhor em termos de conectividade com o espectador com esse plus do 3D sim. Ainda assim, questiono e ai é questão de bom senso classificar esse filme na categoria de documentário. Nesse enquadramento (um filme que é um documentário) a produção é sofrível. Muita coisa do que esta no filme eu só consegui entender o motivo porque pesquisei se eu não tivesse feito isso ia achar que foi uma produção estranha e desconexa.

    2 - Eu gosto de dança, desgosto um pouco de dança moderna e os primeiros minutos do filme para o espectador geral (a maioria dos que vai ao cinema) é duro...difícil de continuar assitindo isso é uma realidade. Nesse sentido seria muita irresponsabilidade ou falta de bom senso eu falar que o filme é maravilhoso para todas as pessoas sendo que a maioria dos que vão ao cinema não vão curtir...entender ou gostar dessa produção. E isso é uma coisa que tentamos passar em nossos textos - a quem se destina essa obra? (A todos?! Não, né.)

    3- Cubrir Sundance. Poxa, vontade para isso não falta. Infelizmente ainda não temos recursos para tornar isso realidade. Sempre nos esforçamos para assistir e comentar os filmes "alternativos" que vão bem em outros palcos. Desses posso citar de cabeça produções como A Fita Branca, Melancholia, Reino Animal, Um Doce Olhar...e vários outros filmes. Tinhamos uma colunista para escrever especificamente sobre essas produções mais alternativas, infelizmente por questões de tempo ele parou escrever...mas estamos procurando alguém para suprir essa cadeira vaga no blog. E como Tiago bem falou divulgamos aqui sempre que conseguimos fuçar as informações dos vencedores e indicados em outras premiações.

    Acho que é isso...no mais comente sempre que der vontade. A opinião do leitor é sempre bem vinda, pois é com isso que podemos melhorar o nosso trabalho.
    Abraços e bom Carnaval!

  • Anônimo disse...

    Que linearidade nessa sua crítica, meu filho. Você realmente não entendeu nada. A dança o movimento, a obra de Pina diz muito sobre ela no filme... por vezes grita. Vá estudar/entender mais sobre dança e arte #fazfavor

  • J. BRUNO disse...

    Eu discordo com que você disse sobre o filme não ser um documentário - na verdade eu discordo de quase tudo que você disse em seu texto - sua visão deixou passar em branco o fato de que a Pina documentada não era a personalidade histórica, mas a artista, o foco dado por Win Wenders está na verdade na forma com que ela se projeta em sua obra e é isto que o torna fantástico.

    O filme na verdade diz muito sobre ela (a artista) e felizmente não vemos nele o tipo de informação que você afirmou que deveria ter (estas encontramos no wikipedia), o problema é que a leitura de tipo de informação explorado pelo filme exige sensibilidade artística...

    Ah, só uma correção: Almodóvar não fez uma cena para que ela dançasse em "Fale com Ela", aquele é um trecho da peça Café Muller, que por sinal é comentada em quase todo o documentário...

  • J. BRUNO disse...

    Olha eu de novo... rsrrsr

    Voltei por causa de um trecho de sua resposta a um dos comentários, é este: "Nesse sentido seria muita irresponsabilidade ou falta de bom senso eu falar que o filme é maravilhoso para todas as pessoas sendo que a maioria dos que vão ao cinema não vão curtir...entender ou gostar dessa produção. E isso é uma coisa que tentamos passar em nossos textos - a quem se destina essa obra? (A todos?! Não, né.)"

    Quem sou eu para lhe dizer isso, mas acho que irresponsabilidade é o crítico se pautar pelas reações do público para quem escreve e não pelo tino artístico...

    Silvano, antes de terminar, tenho que deixar claro que gosto muito dos seus textos e concordo com muitas de suas opiniões sobre tantos outros filmes, espero que você não veja meus comentários de forma negativa, só defendi meu ponto de vista sobre o filme na mesma medida de radicalidade...

    Abração pra ti e pra toda equipe do Cinema Detalhado, ótima semana para todos!

 
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