Crítica: Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need To Talk About Kevin)

2 de janeiro de 2012 1 Comente Aqui!


Precisamos Falar Sobre o Kevin é a adaptação do livro homônimo de Lionel Shriver e está sendo vinculado como mais um dos filmes que podem pintar, disputando alguma categoria, na cerimônia do Oscar, em Fevereiro. Tilda Swinton (As Crônicas de Narnia) já apareceu nos indicados para o Globo de Ouro (Vejas a lista) e para o SAG Awards (Veja a Lista), concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz. O longa, por sua vez, foi eleito o melhor filme do Festival de Cinema de Londres e Ezra Miller está sendo altamente elogiado pela sua interpretação. Confesso que ainda estou um pouco assustado com a produção, que é sim algo notável e que deve ser apreciada por todos os amantes da sétima arte.

Antes de mais nada preciso pedir aos menos pacientes que suportem os primeiros 20 minutos do filme. Não estou dizendo que eles são ruins, muito pelo contrário, mas afirmo que só irão se sentir realmente cativados depois deste período que vos cito. A narração da trama é atemporal, o que considero um ponto muito positivo, pois faz com que passemos a maior parte do filme nos perguntando o que pode ter levado uma mulher a viver uma vida tão sofrida. O roteiro nos apresenta a Eva, uma mulher nitidamente amargurada e deprimida. Conseguir um emprego digno é algo que ela já não tem em mente e amigos não fazem parte do seu dia a dia. Ela é descriminada nas ruas e certas vezes apanha ou tem que se esconder para não apanhar.

Somente voltando no tempo para entender como pode ser possível alguém ser tão "desprezível" e aí que começa a viagem proposta, pela diretora, Lynne Ramsay. Vamos no passado e vemos o período em que Eva foi casada com Franklin, como eles se apaixonaram, o nascimento do primogênito do casal, chamado Kevin, e de uma menina chamada Célia. O foco narrativo está concentrando no relacionamento entre Eva e seu Filho, que desde pequeno não consegue interagir com a mãe. Não é certo quem é o culpado disso, pois Eva não se mostrou feliz com a gravidez e não gostava de ter que ficar em casa cuidando da criança. Por outro lado a medida que ia crescendo, o menino ia atormentando a vida da mãe como se fosse um "troco" pelo tratamento recebido anteriormente. Quando digo que não é certo o culpado, confirmo que há também pressuposição de que o menino realmente poderia ser um daqueles personagens de filme de terror, que apesar de terem uma família presente, tem em si um vontade de fazer o mal.

Tilda Swinton merece uma indicação ao Oscar e faz jus às indicações que recebeu até o momento. A atriz está simplesmente perfeita em cena e nos leva com ela nesse mundo de sofrimento. Não estou falando de uma atuação forte ou explosiva, ela nos prende com uma expressão muitas vezes silenciosa e arrebatadora, com olhares vazios e semblantes de sofrimento. O problemático Kevin é outro personagem que esteve em boas mãos. Primeiro o menino Jasper Newell se mostrou muito competente, quando ainda muito jovem Kevin já era capaz de tirar a mãe do sério, depois, quando adolescente, Ezra Miller assumiu o papel e nos apresentou um jovem doentio e sombrio. Sua atuação chega a ser assustadora de tão realista, mas infelizmente parece que ele que foi esquecido nas premiações.

Muitas são as perguntas que poderemos fazer com o fim catastrófico proposto pela produção. Algumas delas geram a maneira de criar os filhos, a culpa que os pais tem nisso e quais as consequências das ações, tomadas ou não tomadas, durante o período de formação de uma pessoa. Como disse na introdução, estou abismado.




Trailer do Filme:





1 Comente Aqui! :

  • Unknown disse...

    PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN é um filme q assusta mesmo, principalmente por esse tom realistico. O teu texto delineou bem esse embate entre mãe e filho. Linkei teu blog lá no Espectador Voraz. Grande Abraço!

 
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