Crítica: Albert Nobbs (Albert Nobbs)

3 de janeiro de 2012 2 Comente Aqui!

Albert Nobbs com certeza irá aparecer na próxima cerimônia do Oscar, mas não será por se tratar de um grande filme e sim por conta das grandes atuações de duas mulheres que se passam por homem para sobreviver. A primeira delas é Glenn Close, que faz o personagem principal, que dá nome ao longa. Durante muitos anos Close interpretou o personagem no teatro e aspirando a possibilidade de ganhar um Oscar passou quase 15 anos tentando transformá-lo em um filme. Sua paixão por esse trabalho é tanta que, além de ser a protagonista, ela é produtora e co-roteirista da produção. A segunda grande interpretação vem de Janet McTeer, no papel de Hubert Page, uma mulher com história de vida semelhante a de Albert.

O roteiro é baseado na obra, homônima, de George Moore, e conta a história de uma mulher inglesa, que se disfarça de homem para poder sobreviver na sociedade machista da Irlanda do século XIX. "Ela" trabalha como se fosse um mordomo de um hotel de nível médio e está acostumada a se passar de homem, pois já são mais de 30 anos agindo como tal. Seu grande sonho é abrir uma tabacaria e para tal ela economiza cada moeda que ganha. Certo dia, Nobbs conhece o Sr. Page, que na verdade é uma outra mulher caracterizada, e com ele descobre que a vida pode ter diferentes caminhos pela qual vale apena arriscar.

Está nítido para todos os olhos a paixão que Glenn Close deu à produção e sua atuação é digna de uma indicação ao Oscar. Seus olhos eram suficientes para transmitir os sentimentos e é perfeita a forma como ela conduziu seu personagem. Para seu azar, o filme não segue a maestria de sua participação e é bastante frio. As cenas que deveriam emocionar, não chegam a causar grande furor e grande parte disso parte por uma direção bastante burocrática, que não nos permite conexão com o Sr. Nobbs e não nos anima com sua possível relação com Helen Dawes, que muitas vezes chega a ser um personagem chato e antipático. Se o filme fosse melhor, Close teria mais chances, porém acredito que pouca é a probabilidade dela levar a estatueta para casa este ano.  Janet McTeer é outra que está sendo rotulada a premiações, já sendo indicada ao Globo de Ouro 2012 e ao SAG Awards. A inglesa rouba para si praticamente todas as cenas em que participa e seu personagem, intrigante e magistral, se torna o mais interessante da trama. O elenco realmente é muito bom e ainda conta com uma ótima Pauline Collins (Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos), Brendan Gleeson (O Guarda), Mia Wasikovska (Minhas Mães e Meu Pai, Alice no País das Maravilhas) e Aaron Johnson (Kick-Ass Quebrando Tudo).

Apesar de seu problemas o longa possui acertos que começam com uma bela premissa e que circundam uma fotografia que é excelente e uma maquiagem e figurino que estão muito bem feitos. A ambientação é típica de uma Irlanda de séculos passados e esses são os "apetrechos" que enriqueceram as atuações citadas acima. Alguns problemas do roteiro são escondidos pela genialidade de Glenn Close e as cenas com Janet McTeer garantem o ingresso. A música  Lay your head down, que toca ao começarem os créditos, é uma das favoritas a serem indicadas ao prêmio de Melhor Canção. 

Em contexto, vale a pena assistir a produção, que é sim acima da média, mas que está muito abaixo dos filmes que estão sendo vinculados como dos melhores do ano. Fica o destaque para os trabalhos técnicos e as grande atuações que ele tem a nos oferecer.


Trailer do Filme:

2 Comente Aqui! :

  • Júlio Pereira disse...

    Achei a premissa interessantíssima, porém, mal explorada. Contudo, a atuação de Glenn Close dispensa comentários e, pra mim, das quatro que vi, junto com a Rooney Mara, é a melhor das indicadas - sim, melhor que a Meryl Streep e Viola Davis. E acho ingenuidade pensar que ela não leva o prêmio pelo filme ser fraco, é muito mais que isso. Afinal, A Dama de Ferro e Histórias Cruzadas são ambos piores que Albert Nobbs.

 
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