Crítica de Livro: Harry Potter e o Cálice de Fogo

17 de setembro de 2011 2 Comente Aqui!
Texto : Rodrigo Costa


Se os três livros introdutórios da série Harry Potter, apesar de esplêndidos em suas escritas e tramas, apresentava uma certa dose de repetição de uma fórmula responsável pelo sucesso até ali, o quarto livro, Harry Potter e o Cálice de Fogo, lançado na Inglaterra no verão de 2000, é um show de inovações e ousadias por parte da escritora, J.K. Rowling. E o melhor: sem perder a lógica e cada linha que compunha a trama até ali.
Em “o Cálice de Fogo”, Harry mais uma vez volta a Hogwarts e enfrenta perigos maiores que nunca, representados, desta vez, não por um lobisomem, ou um basilisco, ou mesmo um cão de três cabeças, mas por dragões, sereianos, grindylows e um labirinto nefasto. Para não falar no mais épico embate de sua vida até aqui, em um final de tirar o fôlego, divisor de águas e determinante para o tom bem mais adulto e sombrio que assume as histórias de Harry Potter daqui em diante – o que, diga-se de passagem, é mais uma incontestável prova da capacidade literária de J.K. Rowling e de seu incrível potencial em nos surpreender.
O Cálice de Fogo é, provavelmente até hoje, o livro com mais personagens novos e mais uma vez complexos da série. Fleur Delacour, Madame Maxime, Vitor Krum, Igor Karkaroff e a engraçadíssima, porém irritante Rita Skeeter são exemplos, juntamente com o evento mágico que ocorre em Hogwarts, o Torneio Tribruxo, de um desfile de inovações necessárias para a longevidade da série. Sem dúvidas, o livro que mais prende o leitor com seus enigmas e aventuras até então.
O livro assume o tom adulto ao qual já me referi, o que, é importante frisar, não desqualifica ou descaracteriza a série. Muitíssimo pelo contrário, Rowling acrescenta um tom sombrio que dá à história mais verossimilhança, nos dando a real impressão de perigo o tempo todo (o que, apesar de estar presente na série até esse momento, era sempre acompanhado se uma linguagem leve e ingênua, por vezes até eufêmica, próprias ao público infanto-juvenil), além de dar uma certa beleza melancólica ainda não explorada em seus livros.
Digamos que, após 4 anos e três livros lançado, Rowling teve a brilhante sacada (ou foi instruída) de que seu público alvo começara a mudar. Crianças que leram o primeiro livro aos 13 tinham, agora, 17 anos. E essa foi a cartada final e inteligentíssima de J.K.: amadurecer as histórias juntamente ao público. Afinal de contas, de quantas séries do mundo literário pode-se dizer que foram crescendo junto a um público fiel; quantas proporcionaram uma leitura dos 11 aos 21 anos, sempre permitindo que o leitor se identificasse com o que suas histórias narravam?
Além disso, os personagens principais estavam crescendo por si sós, nada mais justo do que um amadurecimento na escrita da autora – é assim que vemos, mais uma vez, a atenção de Rowling em retratar, não apenas lutas, feitiços e seres mágicos, e sim propor uma reflexão sobre o ser humano em sua complexidade, usando a magia apenas como artifício para chegar no íntimo dos personagens e, por fim, do leitor. Como já disse anteriormente, é o seu principal diferencial literário entrando em evidência mais uma vez.
Daqui em diante, entretanto, a autora não precisa mais lutar por um público – Harry já conquistou o mundo. Com o quarto livro da série, Harry atinge o seu ápice, o topo – e não sai mais de lá.

PONTOS ALTOS: “Os Quatro Campeões”; “A Primeira Tarefa”; “O Baile de Inverno”; “A Segunda Tarefa”; “Priori Incantatem”.

NOTA: 8,0

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