Crítica: Poesia (Shi, 2010)

13 de maio de 2011 2 Comente Aqui!

Poesia (Shi, Coréia do Sul, 2010) conta a história de Yang Mija, uma sexagenária que mora em um apartamento modesto com seu neto adolescente, que ela cria sozinha por sua filha morar em outra cidade. Sua vida se divide entre o seu neto e o seu trabalho cuidando de um idoso incapacitado. Ironicamente, Mija descobre que tem Alzheimer em fase inicial, mas não o conta para os seus familiares.

Um dia, chega ao seu conhecimento que uma colega de escola do seu neto se suicidou e ela começa a desconfiar da culpa do jovem e seus amigos pela atitude da garota. Mas Mija segue a sua como se nada houvesse de errado. Ela se inscreve num curso de poesia e usa isso como um escape: a sua vida passa a girar em torno da poesia, todas as outras coisas passam a ser menos importantes.

As investigações policiais levam ao diário da adolescente suicida, onde ela diz ter sido estuprada freqüentemente pelo neto de Mija e seus amigos por mais de seis meses e que o suicídio era uma maneira de dar fim a esta situação. Os pais dos adolescentes chamam Mija para combinar um pagamento a ser feito para família da jovem para que as acusações contra seus filhos fossem retiradas. Mija então se divide entre pagar uma grande quantidade de dinheiro (que ela não possuía) para livrar o neto das acusações ou deixar ele ser punido pelo que fez, o que ela achava que deveria fazer.

Shi é o quinto filme do cineasta Chang-dong Lee e o vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes em 2010. O diretor era escritor antes de se aventurar no cinema, o que justifica a alta qualidade dos seus roteiros, todos os quais relatam parábolas sociais contemporâneas. Lee escreveu o papel principal do filme, Yang Mija, para a atriz Yoon Jung-hee, que foi uma grande estrela do cinema coreano, já tendo participado de mais de 300 filmes, porém que não atuava desde 1994. Yoon aceitou retornar às telas neste filme por admirar o trabalho do cineasta, que a fez incorporar uma personagem bastante diferente das quais estava habituada. E a atriz o faz de forma primorosa: ela interpreta de forma natural a personalidade excêntrica de Mija, sem dramatismos desnecessários. A falta de sentimentalismo é um grande ponto positivo do filme; Lee tem um olhar exclusivamente observador, o que faz com que a história triste e dramática dos personagens chegue ao expectador como algo natural, e não um melodrama.

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