Crítica: Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go)

21 de fevereiro de 2011 5 Comente Aqui!

Geralmente leio um pouco sobre os filmes que vou assistir, mas desta vez devido à correria do dia a dia, segui apenas o conselho e indicação de Cristiano Contreiras, do Blog Apimentário. Exatamente por ter pouco conhecimento sobre o roteiro tomei um susto logo que entendi sobre o que ele se tratava e consegui mergulhar de cabeça nos pensamentos e momentos de seus personagens. O filme é  baseado no Romance de Kazuo Ishiguro e somado a um grande elenco se comprova como uma grande surpresa e belo trabalho. Não pensem que ler isto irá tirar a graça da "surpresa" que tive, pois o roteiro não liga muito para seu real propósito e revela tudo em menos de 20 minutos. O suspense jamais foi ou será sua intenção, pois seu maior desejo é lhes apresentar a vida pré-estabelecida de três pessoas e seus dramas. 

Quando crianças, Kathy H., Tommy e Ruth eram três amigos que acreditavam serem especiais e por isso viviam escondidos do mundo externo em um internato inglês. Eles jamais se questionaram sobre essa exclusão e acreditavam nas " histórias" que contavam sobre as pessoas que cruzaram algum dia a fronteira. Essa aceitação por parte das crianças, foi um dos aspectos que motivou a nova professora do internato a revelar um grande segredo e lhes mostrar "o que são" e quais seus destinos pré estabelecidos. Todos parecem entender muito bem " para que servem" e convivem com este fardo durante todo o seu crescimento. Em meio a tantos problemas surge um triângulo amoroso entre as crianças, que se arrasta durante muitos anos, até que o "destino" começa a lhes separar. Muitos anos depois Kathy, reencontra seus amigos, que já começam a apresentar os "problemas do destino" e agora numa luta contra o tempo ela batalha para reviver seus amores e conviver novamente com seus amigos. 

O tema do filme já foi até visto no cinema, mas não chega a ser clichê. O longa consegue ser desesperador e pacífico em diversos momentos e ainda deixar uma pulga atrás da orelha sobre a "humanidade" dos humanos. Não quero colocar em pauta aqui a verdadeira discussão que a obra impõe para não estragar o baque causado com a revelação. Vou apenas dar um singela opinião e dizer que acredito que dentro em breve, se já não acontece, a ficção do filme se tornará realidade e as pessoas vão manter a mesma linha de raciocínio apresentada na trama. Ninguém queria mudar o que estava acontecendo e muito menos as realidades daquelas pessoas, por olharem apenas para seus umbigos e por acreditarem que "não" eram seres humanos. Todo o sentimento que nutriam por eles era pena  e este nunca foi um sentimento capaz de mudar o mundo.

É estranho ver que no filme ninguém se rebelou, se irritou ou correu atrás das pessoas que eram responsáveis por lhes colocarem naquela situação. Não houve um alguém que lutou por dias melhores e a questão é que o diretor Mark Romarek optou por aprofundar seus personagens e seus dramas, o que ficou realmente muito bom, mas me deixou um pouco irritado. A justificativa para uma não revolta se dá pela falta de informações que as crianças tinham e a castração que cresceram recebendo sobre suas funções no mundo. Isso me irrita um pouco, pois acredito que sempre é válido lutar por dias melhores e questionar as ações que lhes são impostas. Essa medida pode afastar um público que gostaria de ter mais ação, mas informo aqui que as coisas fluem muito bem e o ritmo que se segue é muito fácil de se acompanhar sem ficar entediado ou coisa parecida.

Apesar de achar que o triângulo amoroso poderia ter funcionado melhor e ter sido mais cativante, as atuações do filme são um ponto muito forte da produção. Puxando o trio formado com Andrew Garfield ( A Rede Social, O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus) e Keira Knightley ( Desejo e Reparação, A Duquesa), Carrey Muligan (Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme) dá um show de interpretação e mostra que a garota que surgiu ano passado, no belíssimo "Educação" , chegou para ficar e é um das grandes atrizes da nova geração. Ela carrega em suas feições o peso do conhecimento de seu destino e o trabalha de forma que ainda é capaz de ajudar outras pessoas a suportar a tensão de seu dever. Garfiled me mostrou que é mesmo muito bom e confesso que aguardo ansiosamente sua estréia lançado teias pelos prédios vestido de Homem Aranha.

"Não me Abandone Jamais" é um filme diferente e capaz de tocar até mesmo o espectador mais frio. Uma história emocionante e uma linda luta contra o tempo e pela realizações de sonhos.

Nota: 8,5

Trailer do Filme:



5 Comente Aqui! :

  • Cristiano Contreiras disse...

    Além de belo, é um filme denso e amargo, MUITO triste. Me deixou sem palavras ao final...eu também me indignava com a falta de 'rebeldia' do trio...ainda mais de Tommy que parecia ser o único mais hiperativo dos três! Carrey Mulligan está perfeita, como sempre. Mas gostei de Garfield aqui, além da prestação de Keyra em boas cenas. A direção é segura, mas o roteiro é bem reflexivo. Me marcou, por isso já indico a todos, é um absudo ele ter ficado esquecido e de fora das indicações do Oscar deste ano.

    Abs, obrigado por me citar aqui, hehe!

  • Clenio disse...

    Ando louco pra ver esse filme, mas como me recuso a baixar e espero que estreie nos cinemas fico um tanto atrasado (que país em que as coisas demoram em acontecer...)
    Já estou te seguindo, obrigado pela visita no "Um filme por dia".

    Abraços
    Clênio
    www.lennysmind.blogspot.com
    www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

 
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