Especial Oscar: Indicados para Melhor Trilha Sonora

14 de fevereiro de 2011 3 Comente Aqui!

Em Como Treinar o seu Dragão, John Powell faz o que sabe melhor: compor uma trilha de desenho animado que une mistério, ação, humor e romance, tudo num balaio só. O homem é um especialista nisso, basta dar uma olhada no seu currículo: Shrek, Kung-Fu Panda, A Era do Gelo 2 e Happy Feet: O Pingüim, entre outros blockbusters do gênero animação. Essa é a primeira nomeação de Powell ao Oscar; é improvável que ganhe, mas pelo menos já vale pelo reconhecimento que a Academia deu ao talento desse compositor britânico.


Com oito nomeações mais um Oscar (por Rei Leão), Hans Zimmer é um velho conhecido dos bastidores da maior festa do cinema mundial. Na esteira do sucesso de Batman: O Cavaleiro das Trevas, ganhador do Grammy de Melhor Trilha de 2008, Zimmer agora concorre com Inception (A Origem). Essa é a sua terceira colaboração com Christopher Nolan, diretor de Amnésia, O Grande Truque e Batman Begins.

A música grandiosa de A Origem magicamente concilia o mundo repleto de velocidade e tensão entre mega-corporações rivais com o elemento surreal do mundo onírico. As músicas de Zimmer tem uma cara contemporânea: o compositor se empenha em construir “climas” e não temas tradicionais, e aqui e acolá aparecem guitarras e sintetizadores. Meu voto vai para Hans esse ano; se alguém merece ganhar dessa vez, com certeza será ele... E digo mais: seria uma vitória com gostinho de vingança, já que os jurados do Oscar (inexplicavelmente) deixaram Nolan fora do páreo...


Até pouco tempo atrás, o falecido Maurice Jarre – responsável por Doutor Jivago, Lawrence da Arábia e Ghost, do Outro Lado da Vida – era o grande, senão o único, representante da França entre os pesos-pesado de Hollywood. Na década que passou, outro nome tem se destacado: Alexandre Desplat. Desde o final dos anos 1990 Desplat vem colecionando várias nomeações ao Oscar, o Globo de Ouro e o BAFTA (o “Oscar” inglês). O seu currículo tem primado pela diversidade: nele consta desde Syriana (2005) e A Rainha (2006) até a Saga Crepúsculo: Lua Nova (2009) e Harry Potter e as Relíquias da Morte.

O Discurso do Rei é um drama familiar de repercussões vitais para o futuro de uma nação. O filme se passa em meados da década de trinta, com a ascensão do Rei Jorge VI ao trono e sua difícil tarefa de conduzir seu país, prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. Condizente com a polidez da família Real britânica, a partitura assinada por Desplat é sóbria e contida, entrelaçada pela 7º Sinfonia de Beethoven e seu Concerto 5º para Piano. O Discurso do Rei foi o grande premiado na noite do BAFTA, e Desplat levou a melhor durante a cerimônia. Isso, de certa forma, era previsível, já que é um filme que trata de personagens tão caros à história da Grã-Bretanha. Agora, acho difícil esse fenômeno se repetir no Oscar, um evento tão americano...


Depois de um período de vacas magras, o diretor inglês Danny Boyle (Cova Rasa, Trainspotting – Sem Limites) voltou ao topo do panteão cinematográfico com o festejado Quem Quer Ser Um Milionário? (2008). A igualmente festejada trilha de A.R. Rahman, combinando música eletrônica e indiana, agradou a gregos e troianos. Levou os três grandes prêmios de sua categoria (um BAFTA, um Oscar e um Globo de Ouro) e mais dois Grammys. Ano passado Boyle e Rahman repetiram a parceria em 127 Horas, filme baseado na história verídica de Aaron Ralston, um alpinista americano preso por 5 dias num pedregulho, isolado e sem comida. 127 Horas cai na fórmula hipster do diretor, no estilo de Trainspotting (1996) e A Praia (2000), com o disco cheio de bandas cool; A. R. Rahman aparece ao lado desses artistas com músicas focadas em violões e guitarras, ora pastoris, ora sombrias. Apesar de o seu trabalho ter sido aclamado entre críticos, é difícil que A. R. Rahman saia vencedor dessa vez.


Trent Reznor, criador do Nine Inch Nails, é um gigante do rock contemporâneo. Seus álbuns venderam 10 milhões de cópias só nos Estados Unidos, levando a música industrial ao mainstream. Apesar de essa ser a sua primeira nomeação ao Oscar, o rapaz não é um novato para a sétima arte: ele produziu as trilhas de Assassinos por Natureza (1994) e Estrada Perdida (1996) a pedido de Oliver Stone e David Lynch, e suas músicas aparecerem em filmes tão diversos quanto O Corvo (1994), Se7en (1995) e Lara Croft – Tomb Raider (2001).

A música introspectiva e cerebral do Sr. Reznor e seu colaborador Atticus Ross combina com os bastidores da criação desse colosso hi-tech que é o Facebook. Para os que acompanham a carreira do rapaz, esses vão notar muita coisa familiar: algumas faixas soam como sobras do The Fragile (1999) ou do álbum instrumental Ghosts I-IV (2008). Ainda no tema “familiar”, os timbres retrô / “Atari” que povoam o álbum, apesar de interessantes, soam meio descontextualizados; o Facebook foi criado em 2004, e não em 1984. Mas, entre momentos tipicamente NIN e sons 8-bits, há espaço para surpresas: uma delas é o brilhante uso de “Hall of the Mountain King” (tema principal da ópera Peer Gynt) na cena da derrota dos gêmeos Winklevoss, os arqui-inimigos de Mark Zuckerberg. No Globo de Ouro – considerado a “prévia” do Academy Awards – a dupla levou o prêmio de Melhor Trilha Sonora, o que aumenta as chances de A Rede Social ganhar no Oscar. Apesar disso, tenho minhas dúvidas se ela é realmente merecedora do prêmio esse ano.

Enquanto eu estava escrevendo essas resenhas acabei achando isso aqui no Msn Vídeo; é uma espiada mais que privilegiada no processo de composição da trilha de Rede Social, com Trent e Atticus Ross dando uma entrevista bastante esclarecedora sobre o tema. "Enjoy!", como dizem os americanos...

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