Crítica: Gran Torino

16 de dezembro de 2010 4 Comente Aqui!

Como as melhores bebidas Clint Eastwood parece que a cada ano que ganha consegue produzir melhores trabalhos. Demorei bastante tempo para conferir ao filme Gran Torino, uma espera que foi plenamente recompensada por poder apreciar uma película tão bela. Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a construção do filme Invictos, pois achei que este não foi um filme tão bem executado quantos os últimos projetos de Eastwood.

No filme Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um polaco-estadunidense veterano da Guerra da Coreia. Tem problemas familiares, realçados após a morte da esposa. Após tornar-se viúvo, continua a morar em sua casa, contrariando os desejos dos filhos, que expressam o desejo de ele ir morar em algum retiro para idosos. Kowalski mantém a sua rotina: ele, ex-funcionário da Ford, faz ocasionalmente consertos em residências e suas distrações são saborear uma cerveja na varanda e ir mensalmente ao barbeiro. Não tem amigos nem planos para o futuro. Sozinho em um bairro dos subúrbios de Detroit, nutre antipatia por seus vizinhos asiáticos, xenofobia que ele trouxe da guerra. Kowalski credita aos imigrantes a devastação da economia e do modo de vida estadunidense e não esconde seu desprezo ao ver o filho dirigir uma Toyota, bem como aos vizinhos da casa ao lado da sua.

Sua rotina muda após aproximar-se de dois jovens moradores desta casa, os irmãos Sue (Ahney Her) e Thao (Bee Vang). Sue lhe introduz à cultura hmong, etnia do Sudeste Asiático da qual faz parte. Thao, garoto inteligente porém tímido, conhece Kowalski após tentar roubar-lhe o carro, um Gran Torino 1972. O furto era parte de sua iniciação na gangue hmong liderada por seu primo, que o pressiona a se juntar a ela após salvar-lhe de uma gangue mexicana. Na ocasião, Kowalski surpreende Thao com uma arma usada na guerra. Envergonhadas, Sue e a mãe de Thao o obrigam a prestar serviços a Walt, para compensar pela tentativa de roubo. Com o tempo, Walt passa a desenvolver afeição pelo garoto e procura incentivá-lo a procurar um emprego honesto e afastar-se das más influências.

Um dos pontos mais interessantes no modo de filmar o longa é que ele parece bastante simplório, quando na verdade aborda vários temas como, a indisposição com a igreja, a relação mentor-aprendiz, a expurgação do passado violento e a falência do jeito Dirty Harry de fazer justiça. Temas essas que foram presentes em algumas das obras anteriores de Eastwood, mas que não haviam aparecido todos de uma vez em um mesmo filme. O diretor consegue abordar e trabalhar todas essas temáticas sem perder o foco do longa, entretendo e também emocionando o espectador.

A contrução da mundaça de comportamento do inflexível senhor, que aparenta ser inabalável mas que tem difulcades em viver em um mundo em transformação e a confrontar seus próprios preconceitos, ocorre sem pressas e faz com que o espectador não apenas se identifique com o mesmo, mas fique cativado e comovido com a história. Um filme muito bem organizado e bem construído que se beneficia de mas uma combinação de atuação segura, aliada a uma ótima direção desse mago das câmeras.

Nota: 9,5


Trailer:

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